O
CINEMA
Luisa Helena R. Alves
Ah! O cinema!
Quando entramos no cinema, aquela caixa preta, é uma
viagem...
Nossa imaginação já fantasia o que está por vir! É sempre uma
surpresa, com gostinho de primeira vez.
Apagam-se as luzes, começam os títulos e a música...
Cecília não gosta de filmes de grandes emoções ou aventuras;
seu coração romântico pede para ser alimentado por histórias calmas, mas
apaixonantes, que vão nos pegando devagarzinho, quase com as mãos de seda e vão
nos envolvendo em sua teia, até nos fazer prisioneiros de uma emoção profunda.
Cecília toma seu trem, depois seu ônibus, todos os sábados
para ir ao cinema, na Paulista.
Guarda seu dinheirinho, quase como quem guarda o dízimo da
Igreja, para aquele culto sabático. É o seu dia!
Durante a semana, cuida das crianças da patroa: dá comida, dá
banho, penteia seus cabelos, manda-os para a escola, separa suas brigas e assoa
seus narizinhos que escorrem quando gripados. Ela os ama quase como se fossem
seus.
Sábado é seu dia de folga: põe sua melhor roupa, seus brincos
e seu perfume que ganhou no Natal.
Desde pequenina apreciava com olhos vidrados as propagandas
dos filmes, com aqueles atores tão lindos. Mas, na época, sua mãe não podia lhe
dar o dinheiro do cinema, tinha seis filhos para cuidar...
Hoje ela entrou no cinema e estava passando um filme do Wood
Allen cuja protagonista chamava-se Cecília e, como ela, era amante de cinema.
Certa hora, o fantástico entra em ação e Cecilia, a nossa Cecilia, entra na
tela e participa do filme e vive um doce romance com o mocinho.
Foi a gloria para a moça! Ela voltou para casa embalada pelos
sons e figuras do filme e pensa:
- Até que, afinal, a vida não é tão ruim.
E um sorriso lhe apareceu no canto da boca, e um suspiro de alívio no peito.
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