Amigo da onça - Luisa Helena R. Alves



Amigo da onça
Luisa Helena R. Alves

        Ele era “bico doce” como se diz de alguém que sabe convencer os outros com sua lábia.

        Ao encontrar uma amiga de infância ele declarou logo:

        - Maria, eu te amo!

        Ela levou um susto! Recém-separada, frequentava um bar onde os amigos, também separados, formavam uma turma quase de “adolescentes”. Saiam, dançavam, namoravam, sem censuras ou policiamento.

        “Em busca do tempo perdido” ela dizia, como se não tivesse vivido tudo o que gostaria.

        Seu amigo, João logo entrou na turma.

        Contava histórias engraçadas, tocava pandeiro, cantava conquistando a todos.

         Maria estava encantada!

        Finalmente achara alguém que gostava das mesmas coisas. “Alma gêmea”

        João pensou nela todos os dias até que certo dia veio com a mala e cuia para ficar...

        Tinha uma filha, mocinha que veio conhecer Maria e a chamava de “boadrastra”.

        Parece que o fim seria: e viveram felizes para sempre.

        Mas, como tinham combinado dividir as contas da casa, eis que começou a chegar avisos de falta de pagamento das contas que João ficara de pagar.

        Maria decepcionada cobrava de João.
        Vou vender o carro disse ele, um carro que na verdade, nem existia, como provava sua filha.

        Assim, de decepção em decepção, Maria conseguiu se afastar do “príncipe encantado”  que virou um “sapo” na visão dela.

        — Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.


        E Maria, sem se acabar continua a cuidar de sua vida, pois mais vale “viver só que mal acompanhada”.

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