LIBERDADE
Luisa Helena R. Alves
Liberdade de viver...
Liberdade de escolher onde morar e
quem se quer amar...
Ronaldo sonhava com isso, enquanto
no seu cativeiro colhia cana para seu patrão.
Ronaldo vinha de uma família de
escravos; seu avô veio da África para trabalhar para seus patrões brancos.
Quantas gerações ainda terão que
passar para os homens compreenderem que a cor da pele não justifica toda essa
discriminação?
Deus fez seres humanos para serem
humanos, não importando sua raça ou cor.
Ronaldo era um negro claro, pois
sua avó era índia, seus pais mulatos ou pardos, como se diz no recenseamento
anual.
Gerusa, a neta do patrão era clara
como a luz do dia, bonita e alegre como só os jovens conseguem ser.
Ela logo se atraiu por Ronaldo,
quando em um dos seus passeios a cavalo, ele a socorreu na disparada do animal,
pondo em risco a vida da moça.
Conversaram. Ela agradecida, ele
feliz. O herói que ficou encabulado com a gentileza da moça.
Conversaram, e foram muitos os encontros.
Até que resolveram fugir juntos.
Já o amor despertava neles a
coragem que todos nós temos guardada.
Com a ajuda de amigos fugiram uma
noite, mas Ronaldo ainda arrastava as correntes que o prendiam.
Dirigiam-se um paraíso perdido,
onde viviam outros escravos libertos.
No caminho entraram numa embarcação
preparada para eles.
Corria a lenda que embaixo de uma
cachoeira, vivia um dragão que soltava fogo e engolia quem se atrevesse a
invadir sua caverna.
Quando o capataz e seu patrão
chegaram à beira da cachoeira, encontraram uma canoa vazia, só havia uma fita
de cabelo que Gerusa costumava usar, e restos de corrente partida.
Não ousaram enfrentar o monstro e
voltaram dando como mortos os fugitivos.
Nisso aparece no céu um lindo
arco-íris, que sempre indica um momento de paz na natureza, e dizem também que
onde ele termina se encontra um tesouro, que pode ser uma terra encantada onde
as pessoas vivem longe dos preconceitos e injustiças: um “Eldorado” sonhado por
todos.
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