A tábua de Carne - Crônica de Maria Luiza C. Malina


A TÁBUA DE CARNE
M.luiza de C.Malina
Crônica

Tão polêmica quanto a própria política, lá está ela coitadinha, gerando multas a bares e restaurantes.

Em São Paulo há todo tipo de culinária. O paraíso da gastronomia.

Ontem me deparei com o socador de caipirinha. Lindo, roliço de boa madeira. Quem diria que ele seria o astro da vez; a tábua de carne a grande vilã nas mãos de experientes “Chef´s” com ultimato para a troca imediata por materiais de plástico, condecorados da noite para o dia com o distintivo do ISO.

O uso constante de qualquer material de cozinha, onde o elemento de corte, a faca por assim dizer, provoca danos aos materiais, necessita de uma higiene diária e cuidadosa.

 Recordo-me dos açougues antigos com a imensa mesa de corte redonda, feita de madeira maciça “cepo” de corte transversal, que além de não desgastar o fio do corte das afiadíssimas facas, não solta as tais das farpas, preservando a higiene durante o uso e, o melhor sua durabilidade ainda é incontestável. Ao final do expediente já estava sendo lavada com escovas, alvejante e água. Entrava-se e nem se pedia mais nada, impossível – a higienização está pronta para o dia seguinte.

Na casa de minha avó, aprendi que a pequena lâmina de madeira deve ser secada ao sol, aumentando a higiene, eliminando as bactérias do bolor! O que é isto? Isto sim resulta de materiais guardados ainda úmidos.

Os arranhões, ora os cortes surgem no então condecorado plástico em que as bactérias e fungos se proliferam em suas entranhas “poliuretiúnicas” de difícil eliminação, tornando-a gosmenta. Esta semana joguei umas tantas no lixo, ecológico é claro.

A verdade é que os novidadeiros, pouco ou demais da conta informados nas suas especializações julgam, o simples socador de caipirinha de madeira ser o vilão dos males do século.

Que tal cuidarmos um pouco mais da água que sai das torneiras de restaurantes e bares, necessária ao gelinho do “whisky” consumido nas discussões dos projetos de saneamento básico que nunca saem do papel!
Vai uma caipirinha! Não foi usado o socador de alho.



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