AS FIGUEIRAS DO
CLUBE
Oswaldo Romano
Tínhamos uma sensação de frescor quando depois de
estacionar o carro, abrigávamos na sombra dos galhos que avançavam sobre o
passeio externo do Clube. Eram das frondosas figueiras vintenárias, que além da
proteção nos oferecia leve cheiro das suas folhas, fazendo-nos diminuir os
passos para senti-las.
Acertaram quando há muitos anos, carinhosamente ali
foram plantadas para a formação do nosso verde. Na manhã daquele plantio, sob
salva de palmas, dobrados da banda e foguetes, destacado associado às batizavam,
acreditando no sucesso, e no verde do
AP. Acompanhou seu crescimento, de um pequeno caule viu seu tronco aumentar e
ser protegido por cipós que o abraçavam, e as famosas bengalas dando-lhe apoio.
Exalando clorofila, demonstravam sua utilidade ao nosso
meio ambiente. Lindas raízes esparramadas como cobras na superfície garantiam a
umidade, absorvendo as primeiras chuvas.
Quando pequeninas, plantadas e batizadas, seu padrinho
já apresentava fios brancos nas têmporas. Chegou a vê-las grandes, viçosas,
impondo ao longo seus galhos que ofereciam protetora sombra em toda sua volta.
Antes de deixar nosso mundo, o padrinho orgulhava-se e
agradecia a Deus o sucesso do seu plantio.
Felizmente digo, não viu o que eu vi. Certa manhã,
quando eu chegava ao Clube para as costumeiras partidas de tênis, levei um
susto!! Algum infeliz inocente,
ignorando valores, vendo as raízes como cobras, e as refulgentes Figueiras
sustentando-se nas bengalas, o incomodou. Mandou cortá-las!
Em seu lugar, construíram um enorme buraco revestido de
cimento. Os jovens da cidade, com seus barulhentos carrinhos de ferro, abafados
com estridulosas músicas, ficam
raspando-o no seu arrebatado sobe e desce. São inocentes. Nasceram numa
floresta de concreto. Querem desconhecer o que é aspirar o perfume das flores,
sentir no ar a envolvente clorofila, a fotossíntese da nossa vida.
Um clube, não precisa ser uma selva de pedras. Têm na
prioridade os esportes, mas sem os jardins, fica desprovido de vida, seco e
triste. Não podem faltar os espaços
floridos onde os idosos, antigos jovens que
os idealizaram, devem andar ao acaso, admirando
a natureza, a que mais se aproxima de Deus.
“OLHANDO SEU
JARDIM, SEI QUEM É VOCÊ”
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