ATRÁS DA JANELA, INFERNO
Mario Tibiriçá
A janela do sobrado
que era apenas uma vista para a praça,
talvez pudesse representar uma saída para o mundo. Saída que determinaria o
escape do próprio corpo, para
fantasias maiores ou menores, que certamente contribuiriam para desanuviar a mente, fortalecer o corpo,
criar expectativas novas e renovar esperanças. Mas, apenas
uma janela para a praça talvez
não fosse o bastante para Eleonora. Casada com Carlos, há dez anos, sempre
fora o ciúme corporificado,
sempre quis saber de tudo a volta dele, emprego, amigos, futebol, roupas,
camisas, cabelo, tudo era da sua conta, do físico à mente do marido.
Por isso sofria
muito. Suas tardes quando só, a
janela era seu escape e a fuga do
seu inferno particular, criado em seu próprio ser, por ela mesma sem escrúpulos
e sem vergonhas.
Mas Eleonora
sabia da verdade que seu coração tentava
ocultar, que o inferno dentro de sí mesma a levaria ao delírio da auto mortificação, suicídio , para se ver livre e
voltar em um nova vida e em outro mundo.
A janela em seu desatino era sua destruição e seu fim.
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