Bichinhos
fofos
Adriana Frosoni
Clara
e Pedro eram irmãos e muito curiosos. Em um dia de sol, resolveram explorar a
floresta localizada nos fundos da residência. Os dois estavam muito animados e
equipados com um binóculo, uma garrafa de água e uma mochila com lanches.
Enquanto caminhavam pela trilha estreita,
ouviram um som estranho vindo de um arbusto próximo. Era um croach, croach,
como se algo estivesse soluçando. Intrigados, os irmãos aproximaram-se
devagar, segurando a respiração. De repente, um pequeno animal saltou do
arbusto e com um ploc caiu na frente deles. Era um sapo, com sua pele verde
bolhosa e olhos salientes, que assim que bateu no chão voltou para o arbusto
por ficar tão assustado quanto as crianças. Clara e Pedro riram aliviados,
achando graça da situação, mas a menina estava com uma expressão de asco. Era
mais nova que o irmão, e bem mais delicada, mas não se sentia intimidada por
isso.
Continuaram a caminhar, mas logo ouviram um
novo som, desta vez um toc, toc, toc, como se alguém estivesse batendo numa
porta. Mas que porta? Procuraram em todas as direções e só quando olharam para
cima foi que viram quem batia: era um pica-pau, todo colorido. Perceberam que
todas as vezes que faziam um ruído, o pássaro parava de bicar a árvore. Quando
ficavam imóveis, ele voltava ao trabalho. Após testarem bastante a paciência do
pica-pau, ameaçando andar e parando várias vezes, os dois irmãos seguiram.
Atentos aos sons dos animais, não perceberam
que as copas das árvores cobriam o sol cada vez mais, além de que o final do
dia se aproximava. Continuaram andando em direção a uma parte de floresta mais
fechada, às vezes olhando para trás, mas a curiosidade de
seguir em frente e se arriscar era maior que o medo. Foi quando viram um
barracão, aparentemente abandonado; aproximaram-se e empurraram o portão que
abriu facilmente, aumentando-lhes a escuridão. Ficaram assustados e deram um
passo para trás.
Lentamente, os olhos deles se acostumaram com
o escuro e, por isso, resolveram continuar investigando. Com cuidado, foram
pisando devagar e ouvindo os crecs sob os seus pequenos pés.
Clara começou a esconder-se atrás de Pedro,
que a protegia e sempre reforçava que não havia motivo para temer. Antes que
ele terminasse de falar isso pela segunda vez, um morcego sobrevoou suas
cabeças e ambos saíram correndo pelo mesmo caminho do qual vieram, o que fez
bastante ruído e mais morcegos se juntaram ao primeiro. Foi um monte de flap,
flap que logo se espalhou por diferentes direções mata adentro, mas eles não
pararam de correr, mesmo quando não havia mais morcegos, porque o medo era tão
grande que os dominava.
Eles correram tanto que, só quando já estavam
quase saindo do arvoredo que Clara se estacou novamente, parando em frente
daquele primeiro arbusto, o do sapo. Pedro se esticou e olhou por cima da
cabeça da irmã e viu o que a assustou: uma cobra estava saindo vagarosamente do
arbusto.
Os dois fitaram-se para pensar em como agir,
mas, inicialmente, imitaram o pica-pau. Ficaram parados. Afinal, será que, se
continuassem, a cobra os atacaria? Será que ela era venenosa?
Enquanto os pequenos estavam quietos, a cobra
continuou a se movimentar lentamente pelo arbusto. Eles arregalaram os
olhos ainda mais quando perceberam que ela não estava esguia como as retratadas
nos livros: ela tinha uma bolota no seu interior. Clara cochichou entre dentes:
— Que nojo… — ao que Pedro respondeu:
— Que sorte… ainda bem que ela encontrou o
sapo antes de ver a gente aqui!
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