A MULHER ATRAVÉS DOS SÉCULOS - Ledice Pereira

 



A MULHER ATRAVÉS DOS SÉCULOS

Ledice Pereira

 

Fico imaginando como seria viver nos fins do século XVIII, início do XIX. Um período em que as mulheres eram criadas para o lar. Aprendiam a bordar, a costurar, a cozinhar. Preparadas para, muito jovens, serem ótimas esposas, donas de casa e mães.

Aos homens, tudo era permitido, a eles dava-se a prioridade de estudar, realizar-se profissionalmente, escolher a quem queriam desposar.

No casamento, cabia à mulher a função de gerenciar a casa, cuidar e educar os muitos filhos, além de servir e obedecer ao marido.

Os sonhos? Nem todas podiam realizar. Poucas conseguiram sair daquela concha e sair para o mundo, sendo pioneiras em suas aspirações: medicina, ciências, escrita, música, além das que romperam fronteiras para lutar em guerras por acreditar num ideal. Poderíamos ficar horas citando as muitas mulheres que se destacaram através dos séculos.

Uma das mulheres com maior impacto na história do mundo foi Marie Curie (1867-1934), cientista que conduziu pesquisas pioneiras sobre radioatividade e ajudou a desenvolver o raio-x. Ela tornou-se a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobel.

Durante muito tempo, a sociedade impediu as mulheres de produzirem e publicarem conhecimentos. Mas houve resistência a essa imposição. Algumas tiveram coragem e enfrentaram essas imposições, tornando-se famosas em suas áreas.

É o caso de Dandara dos Palmares, esposa de Zumbi dos Palmares, guerreira que lutou contra os ataques ao quilombo dos Palmares.

Maria Quitéria, baiana, que se transformou no “soldado Medeiros”, sendo a primeira mulher a integrar as forças regulares do Brasil, condecorada com a Ordem Imperial do Cruzeiro por D Pedro I.

Cecília Meirelles, escritora de vários estilos, consagrando-se no universo da poesia e literatura infantil, destacando-se num mundo proeminentemente masculino.

Chiquinha Gonzaga, a primeira mulher negra (neta de escrava) a ser aceita como compositora, pianista, maestrina.  Chiquinha foi a primeira pianista chorona (musicista de choro), autora da mais conhecida marcha carnavalesca com letra ("Ó Abre Alas", 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra popular no Brasil.

Enedina Alves Marques, a primeira negra a se formar em engenharia.

Lendo as histórias dessas pioneiras, tiro o chapéu, imaginando o quanto tiveram que lutar para se impor no mundo machista da época e, considerando que ainda hoje, no século XXI, as mulheres ainda sofram preconceito pelo simples fato de serem mulheres, brancas ou negras, obrigadas a provar diariamente sua capacidade, inteligência, desenvoltura.

Quero crer que nossas netas, que hoje, desde cedo, já lutam contra essa injustiça social instalada principalmente no Brasil, consigam finalmente a tão aguardada igualdade de gêneros pela qual tanto se tem lutado. Afinal, pesquisas têm mostrado que elas têm se destacado cada vez mais em todas as áreas de atuação.

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