CRÔNICA
DA IMPOTÊNCIA DA VIDA DIANTE DA DOENÇA
Antonia Marchesin Gonçalves
No mundo de hoje estamos afinal em 2020, lutando com um vírus
criado, em minha opinião, em laboratório, mesmo por descuido, que o extermínio
é tão grande, que podemos equiparar a uma terceira guerra mundial. Países do
mundo inteiro lutando para encontrar a cura, mas o mais importante é quem será
o primeiro descobrir a vacina para tentar imunizar o maior número possível de
seres humanos do planeta. Sendo feita ás pressas, vergonhosamente disputadas
pelas grandes potências mundiais, ou destruindo as mesmas para surgirem outras
mais perigosas, tanto quanto.
Após o susto inicial atônita assisto o pânico generalizado, a
falta de escrúpulos usados pelas disputas políticas, sem que, em nenhum momento
pensassem na humanidade, sem dó nem piedade. Quantas doenças até hoje por
interesses financeiros de muitos, não foram encontradas as curas, com tanto
dinheiro usado nessa disputa. Como por exemplo, HIV, esclerose múltipla,
câncer, Alzheimer, etc.. Todas elas, o paciente ou morre ou definha anos a fio.
Os familiares impotentes usando todos os recursos, até os que não possuem, se
sujeitando ao atendimento num total descaso, ou convênios que se paga por anos
e ao precisar de uma opinião mais confiável, paga-se o especialista particular.
A experiência que tive nesta parte é a mais frustrante, no
meu caso, pai morreu de câncer e mãe com Alzheimer vivendo ela por doze anos
sofridos, até se tornar um ser vegetativo, ligada em tubos. Diagnosticada com a
doença, trouxe minha mãe para minha casa, eu na época com três filhos e marido,
além de todo o trabalho que isso acarreta.
Certo dia eu acompanhava meu
marido num evento, quando minha filha liga desesperada, estava levando minha
mãe ao hospital de emergência, pois ela estava sufocando pelo refluxo do mingau
oferecido pela acompanhante. Chegando à
emergência a médica me pergunta se eu queria que ela fosse entubada e que na
opinião dela era contra. Espantada perguntei se era para deixar morrer
sufocada? Decidi usar todos os recursos. Durante as visitas na UTI, os
plantonistas diziam que ela não iria voltar a respirar sozinha mais. Após dois
meses saiu do hospital respirando sozinha e andando. Durante os doze anos todos
os recursos foram usados, de acompanhantes malucas, até musicoterapia. Até o
último ano de vida após onze anos, aí sim ficou dependente de maquinários, ou
seja, tubo de alimentação direto no estomago e oxigenação direto na garganta.
O meu sofrimento como filha do meio, sem parentes no Brasil,
foi pesado. Apesar de tudo não me abstive dessa missão. Confesso que foi muitas
vezes angustiante ter que tomar sozinha as decisões, mas tenho a alegria da
consciência leve e a felicidade de saber que durante esse período, os meus
filhos amaram ter a nona deles em casa, apesar de ter mudado toda a rotina,
tiveram que deixar de receber amigos à noite, pois se ela acordasse gritaria a
noite toda.
Mas agradeço a acompanhante
que ficou onze anos e meio conosco, e minha empregada e a faxineira, foram
todas, os meus braços direito e esquerdo, tornando minha casa, apesar de tudo,
uma família feliz.
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