Chiquinha Gonzaga - Uma mulher à frente de seu tempo - Ises A. Abrahamsohn

 


Chiquinha Gonzaga -  Uma mulher à frente de seu tempo

 Ises A. Abrahamsohn

 

 

Eu conhecia Chiquinha Gonzaga como pianista compositora do “Abre Alas, que eu quero passar” carnavalesco e de músicas de grande sucesso popular na virada e início do século vinte. Não sabia mais que isso até fazer um curso à distância promovido pela revista Concerto sobre mulheres compositoras. Fiquei empolgada ao saber sobre a extraordinária vida e obra dessa compositora. A maior parte do que vou escrever encontra-se na Internet e no livro Chiquinha Gonzaga uma História de Vida de Edinha Diniz. Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu em 1847 no Rio de Janeiro, filha de um militar do Império e de mãe de origem muito pobre, filha de escrava. Foi declarada como filha legítima embora o casamento só tivesse sido legalizado em 1860. Mas o pai educou-a para casar-se na melhor sociedade. Teve aulas de francês, boas maneiras e de piano com o tio que era flautista. E foi uma criança prodígio. Aos 11 anos dominava o piano e apresentou sua primeira composição. Aos 16 anos o pai arrumou o casamento com um oficial da marinha mercante de família rica, Jacinto Amaral. Teve logo dois filhos em 1863 e 1864 e, apesar da oposição do marido, continua a se dedicar ao piano e a compor. O marido, para afasta-la do instrumento, a carrega consigo em várias viagens de navio que leva suprimentos às tropas que lutam na guerra do Paraguai. Chiquinha se revolta contra o tratamento dado aos escravos alforriados. Ao voltar ao Rio, continua a compor e tenta tocar apesar da proibição do marido. Até que, após várias brigas, o marido lhe dá o ultimato: “ A música ou eu!” . Chiquinha escolhe a música, se separa do marido em 1869, grávida do terceiro filho e vai viver sozinha levando o filho mais velho consigo. Seu pai e mãe, que ficaram com a filha, a repudiam e a declaram como morta. Em 1870 Chiquinha passa a viver com o engenheiro João Batista de Carvalho e arca com processo de separação por abandono do lar e adultério. Para se sustentar ela dá aulas de piano e publica sua primeira composição, a polca Querida por todos, com o sucesso moderado passa a tocar como pianista num conjunto de choro e a se apresentar como musicista profissional. Em 1877 publica “Atraente”, um grande sucesso e se separa de Carvalho. Chiquinha está com 30 anos e durante toda a sua vida até os 87 anos nunca parou de compor. Apresentava-se como pianista e dava aulas de piano. Conseguiu se manter e comprar imóveis. Foi a primeira maestrina brasileira a reger uma grande orquestra.  Em 1934, com 87 anos Chiquinha Gonzaga escreveu seu último trabalho, a partitura da opereta "Maria". Como maestrina, atuou em 77 peças teatrais, óperas e operetas, é autora de 2.000 composições. Foi cercada dessa glória que Chiquinha Gonzaga viveu em companhia de João Batista seu último companheiro, ela aos 52 anos ele com 16, a quem adotou como filho. Chiquinha Gonzaga batalhou para receber os direitos autorais, depois de encontrar em Berlim várias partituras suas, reproduzidas sem autorização. Foi a fundadora, sócia e patrona da SBAT - Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, ocupando a cadeira n.º 1. Chiquinha Gonzaga faleceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de fevereiro de 1935.   

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