CARNAVAIS - Sérgio Dalla Vecchia

 



CARNAVAIS

Sérgio Dalla Vecchia

 

Já foram tantos!

Mas o primeiro é inesquecível.

Dias mágicos para ativar os sentidos inocentes das crianças.

Recordo-me perfeitamente da minha estreia em um clube no interior paulista.

Estava eu, molecote, fantasiado com trajes típicos do folião brasileiro; bermudas, camiseta e sandálias. Mamãe eu Quero, foi a música de abertura, na entrada triunfal daquela minha primeira matinê.

O movimento das pessoas, os varais de serpentinas coloridas e os borrifos de confetes, transmitiam o vírus da alegria. Eu estava maravilhado.

Vez ou outra sentia o aroma refrescante do lança perfume, acompanhado de gritinhos da vítima atingida.

Com samba nos pés, atento observava o passar das meninas, fadas, cinderelas, romanas e tantas outras desfilando à minha frente seguindo o ritmo da percussão.

A atmosfera do salão estava ótima, até que do nada, recebi uma golfada de confetes no rosto!

Quando abri os olhos, deparei com uma piratinha de sorriso maroto olhando para trás e dançando à toda energia.

Foi o empurrão providencial que eu carecia para destravar minha coragem!

Destemido corri atrás da agressora. Logo alcancei-a, dei o troco, segurei-a firme pelas mãos e só consegui libertá-la na Quarta Feira de Cinzas.

Ah, que saudades dos puros tempos!

 

 

 

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