ERA
UMA ILHA
Oswaldo Romano
Por
que o mar, tão misterioso por séculos, ainda nos surpreende usando a
inquietação de seus movimentos?
Somos
mortais que o apreciando nos atrai medir nossa insignificante presença.
Confirmamos estar com os pés no chão. Diferente de um mar de rosas. Diferente e
assustador pensar em um mar em chamas.
Ficamos
encabulados com sua persistência em nos enrolar. A água é incolor, a dele tem
que ser azul ou verde. Quem mais enrola, são suas ondas...
Quando
desenrola, no recuo dá-nos a impressão de cumprir um acordo. Acordo de não
agressão! Pura ilusão!
Holland
Island, descoberta em 1600, recebeu esse nome em homenagem a seu primeiro
morador, Daniel Holland. Em 1810 já contava com 360 habitantes. Era a mais
povoada de Chesapeake Bay, e tinha seu sustento quase que exclusivamente na
pesca, ostras e frutos do mar.
O
mar, esse misterioso, escondendo sua verdadeira identidade, punha medo na
população com os sortilégios das rezas praticadas pelas velhas, bruxas
benzedeiras, que usavam as marés como mensageiras.
Alvoroçados
estavam todos, que recorreram as videntes. Um silêncio misterioso no ar,
levantou essa romaria.
Encontradas chorando, espargindo
água benta com ramos de alecrim por toda casa, lamentavam aos gritos, sofridos
cantos.
Os
moradores chegando queriam saber porque tanta aflição.
Ouviam a justificativa:
—
Vejam! As águas se distanciam, rolam revoltadas. Preparam-se para um diluvioso ataque.
Todos devem tomar imediatamente suas embarcações e se afastarem desta proeminente
ilha, prestes a desaparecer.
—
São doidas, bruxas, querem nos por medo - disse o pastor.
Mas
a previsão se confirmou. Volumosas vagas intermitentes, varreram do mapa o que
restava daquele espaço. Afundou até a última casa que valentemente resistia, quebrando
o orgulho dos retirantes.
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