Vendedor ambulante - Maria Luiza C. Malina

Vendedor ambulante
Maria Luiza C. Malina

Final de sexta feira totalmente atarefada. Lembrei que precisava entregar no Consulado Brasileiro os documentos para a renovação do passaporte e ainda tinha que pagar a mísera taxa. Banco fechado. Último dia. Tudo bem, brasileiro versus brasileiro, vamos que vamos que dá certo.

Aquela correria de troca de trens, as horas sumiram e se transformaram em terríveis segundos.

O suor da esperança não combinava com minha aparência, e de repente um cheiro que faz o estômago de qualquer mortal olhar para traz, para comprar.  Fui mais forte em meu querer e olhei de relance para o tabuleiro com coxinhas, empadinhas... Dei uma de super homem e num segundo fatal lá estava eu em frente a uma estonteante loira, entregando meus preciosos documentos. Ela até perdoou a falta de recibo de taxa na condição de que fosse efetuado via computador, mas não perdoou a falta de envelope.

Lá fui eu escada abaixo procurando um lugar para comprar o tal envelope, pois receberia meu passaporte pelo correio.

Novamente o cheiro de saudade tomou conta de mim e resolvi perguntar para a tal pessoa dos salgadinhos onde comprar o tal envelope:

- Aqui mesmo comigo! 3 euros!
- Ahnn! Quanto? 3 euros?
- Sim 3 euros, e sei que na volta, você vai passar aqui e vai comprar uma coxinha.
- OK. OK. Depressa!
Lá fui eu escada acima, de alma lavada,  levando o tal envelope com cheiro de fritura. Deu tudo certinho como 2 +2 é igual a quatro.

Realmente comprei os salgadinhos e perguntei:

- Como faço para encontrar a senhora de novo?
- É só perguntar pelo meu nome.
- Mas qual seu nome?
- Maria,  Presidente da Associação de Brasileiros de Hamburg. E, aliás, já vou te convidar a conhecer o nosso grupo, pois haverá uma festa de junho e teremos as comidas típicas de festas juninas brasileiras.

Quase cai das pernas, a respiração ficou dependurada, pois julgava que fosse apenas uma brasileira desempregada, fracassada tentando algum dindin como ambulante. 


Bem vindo ao Novo Mundo! Esqueci o nome da loira estonteante, será que meu amigo Alzheimer chegou antes de mim?

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