Em Roma, faça como os romanos.
Vera Lambiasi
Chegávamos a Roma e só avisávamos a
família dois dias depois.
Instalávamo-nos em um hotel no
centro, perto do metrô, e íamos às compras.
Minhas tias não se conformavam em
querermos comprar calças Fiorucci e outras roupas de marca.
-
Vão
pagar uma fortuna nessas porcarias!
Nas feiras também não queriam nos
levar pois era tudo falsificado.
Trattorias eram sumariamente
proibidas pelas zias cozinheiras.
Assim ficava difícil até de comer
uma pizza!
Então ficávamos ocultas na cidade
eterna por 48 horas.
A preocupação de mamãe era encontrá-las
na rua, por acaso.
Seria uma ofensa irreparável.
Passado nosso tempo particular,
apresentávamo-nos à Famiglia Lemme! Autoritária, sim, mas transbordante de
carinho.
Meu tio era dono de uma funerária, e
viviam muito bem num confortável apartamento. Andavam de Mercedes, comiam com
fartura só que a hora do banho...
Era uma aventura.
Quaravam a roupa na banheira e a
ducha de telefone ficava dentro dela.
Para tomar um banhinho básico era
preciso tirar toda a roupa ensaboada, transferir para alguns baldes, limpar a
banheira, e aí sim entrar.
O esguicho tinha a mangueira muito
curta, então só se lavava a cabeça sentada.
Imagine três mulheres brasileiras
necessitadas de banhos todos os dias.
- Ma
que desperdício!
Reclamávamos:
- Ai,
mãe, não dava para continuar no hotel? Lá podíamos tomar ducha a vontade sem
essa trabalheira!
E mamãe retrucava:
- Nem
pensar! Viemos à Itália para ficar com a família!
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