ATITUDE INFELIZ - Oswaldo Romano



ATITUDE INFELIZ                                                                 
Oswaldo Romano  
                                        
            Uma aluna prestes a se formar, havia se encantado com o estudante alcunhado de Mococa, figura tida galanteadora no seio da classe. O pai da aluna na eterna proteção dos filhos, apurou que Mococa desde a infância aprontava situações que complicavam sua própria família.

            Com toda experiência ganha no correr do tempo, seus pais tentavam convencer Luci, que rompesse esse namoro, pois ele lhe traria sérios aborrecimentos no futuro, terminando por destruir sua vida.
            — Filha - dizia o pai - dei-lhe tudo que pediu, desde o  berço até nossos dias. Agora sou eu quem pede. Corresponda nos dando um genro digno, correto, querido por nós como queremos você.
            — Pai eu estou evitando sair com ele, nem o convidei para a quermesse.

            Mococa numa festa anterior foi expulso por mau comportamento no recinto. A direção do Colégio, depois de várias reprimendas, o suspendeu por tempo indeterminado, certos de que procuraria outra casa de ensino.

            Mas o infeliz, todos os dias, no horário da saída dos alunos, lá estava  apaixonado cheio de ciúmes de Luci que por ele não curtia mais afeição. Ela vinha flertando com Carvalhinho, um assentado colega. Assentado mas escondia imprevistos admirados por todos.

            Nesta nova festa, Mococa foi avisado para não aparecer, pois seria pessoa não grata, seria cortado. O mesmo tinha acontecido na festa anterior, mas driblando a segurança, pulou o muro dos fundos.
            Desta vez o Carvalhinho, membro da Comissão de Formatura, estava preparado para impedi-lo. O namoro de Luci já havia terminado. Mococa agora, na sua paixão desprezada aflorou uma vingança. Caso não conseguisse a reaproximação, entraria na festa pulando novamente o muro.

            Carvalhinho já previa alguma encrenca. Entre os cuidados,  prevaleceu  vigiar o muro em primeiro lugar. Seu feitio de poucas palavras ordenou ao servente, fechar as descargas sanitárias. Mais tarde, gratificando o servente, fez juntar aquela coisa toda e antes do início da quermesse aplicou sobre o muro uma bela camada daquele dejeto nojento.

            Mococa e mais dois amigos já calibrados, desprezando consequências, no impulso pularam de novo o respeitável muro. Caíram no pátio do recreio.  Foi a maior decepção. Mãos, camisas, calças, tudo lambuzado. Possessos, tomados de fúria alcoólica, mesmo sujos foram para o centro da festa, apertando mãos, esparramando aquele grude nos cumprimentos. O revide durou pouco.

            A viatura da polícia estava a postos. Foram levados pelos policiais até a rua, mas dada aquela sujeira, requisitaram um camburão para o transporte.


            Mococa, tarde para muitos, sumiu do bairro. Sua história ficou para comentários sarcásticos, sempre lembrados nas memórias do colégio.


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