AS INCRÍVEIS LIXEIRAS - OSWALDO ROMANO

 

AS INCRÍVEIS LIXEIRAS
OSWALDO ROMANO                                          

Não querendo intervir nas funções de suas atividades, mas permitindo-me comentar enquanto estamos vendo e vivendo o problema, abordo o assunto.

         Quero falar sobre as centenas, talvez milhares de lixeiras que abraçam nossos postes.

         Aprovo ser obrigação da Prefeitura recolher o lixo. Mas fico indignado com tamanha falta de critério. Gostaria de ser o fornecedor de tantos recipientes, se os fabricasse. Como conseguiram vender tamanha quantia de balaios à prefeitura? A maioria colocada em locais inúteis! É tanta asnice, tanta, que fica difícil comentar. Se for doação, é de grego. Um varredor da minha rua comentou que lá no lixão viu duas penduradas!

         Seria para jogar o saquinho do cocô do cachorro, evitando que se leve pra casa? Mas... é justo jogar esse saquinho na caixa bem em frente ao nosso portão? Difícil comentar. Difícil não, é irritante.

         Nosso bairro é nobre, são ruas de poucos pedestres. Os que passam são os exercitando-se a pedido médico, ou conduzindo cachorros adestrados. Nunca vi alguém parar o carro e descer para jogar o palito do sorvete. Os únicos que andam perambulando por essas ruas são os assaltantes. Os locais certos para essas lixeiras são os pontos de ônibus e outros de intenso movimento popular. No resto é jogar dinheiro fora. O nosso dinheiro. Não sei o quanto jogaram fora, nem se jogaram. Sei de proprietários revoltados, que foram a Prefeitura pedirem suas retiradas, ou elas é que seriam jogadas no lixo.

         Antes alguém estacionado na frente do seu portão, era vigiado e você estava a ponto de chamar a polícia caso ali demorasse! Agora não. Esse alguém fica bem acomodado, pode ser um olheiro, mas está comendo demoradamente sua espiga de milho. O sabugo pode sobrar para você. Inquirindo-o, você se entrega, ele com um simples estilete entra junto na sua casa. Ninguém quer ser furado, ainda mais por causa do lixo.

         — Mas, coitado! Estava só comendo o milho... Você é fantasioso...


— É verdade, mas nessa altura, o olheiro já “fotografou” o que queria. O sabugo, seus companheiros vão lhe dar depois. Com certeza, as autoridades estão festejando com a compra e manutenção de mais esse, que já é o primeiro assalto dessa medida, no bolso do contribuinte.

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