Inspirado
no conto O Valente Soldadinho de Chumbo de Hans Christian Andersen.
Singela
história de amor
Maria Verônica Azevedo
Ontem foi aniversário de Emília. Logo
que acordou, encontrou um pacote ao lado da sua cama. Ansiosa, abriu-o,
arrancando o barbante e rasgando depressa o papel do embrulho. Intrigada,
examinou a caixa colorida. Sacolejou para ver se adivinhava o que tinha dentro.
Logo ouviu um protesto abafado em meio ao som de objetos se batendo.
Embora curiosa, ficou apreensiva.
Aguardou um instante, ainda na dúvida se
deveria ou não abrir a caixa. Enfim, tomou coragem.
Ao tirar a tampa da caixa deu com uma
coleção de bonequinhos de plástico quase todos iguaizinhos: pernas retas todas
azuis, sem joelhos, quase todos com casacos amarelos apenas um com casaco
vermelho. Tinham cabeças cobertas por uma cabeleira de plástico preto.
Encontrou na caixa uma serie de chapéus pretos todos iguais exceto um de cor
verde. Logo percebeu que dava para encaixar os chapéus perfeitamente nas
cabeças. Decidiu colocar o chapéu verde no boneco de casaco vermelho. Ele seria
o comandante.
Em cima da mesa ao lado da cama estava a
bonequinha Ana, que Emília tinha ganhado no ano anterior. Era a sua preferida.
Nunca saía daquele lugar. Vestida de bailarina azul, ficava sempre na mesma
posição na ponta dos pés com os dois braços levantados. Emília adorava brincar
com ela sonhando que um dia ela mesma, Emília, seria uma grande bailarina.
Mas naquele dia a menina não brincaria
com a bonequinha, pois estava encantada com o novo presente. Pra Ana, esquecida
sobre a mesa, só restava a tristeza. Ela
observava os garbosos bonequinhos novos que encantavam Emília, principalmente
aquele de casaco vermelho. Logo inventou um nome para ele: seria Teófilo. Ficou
prestando atenção na brincadeira, enquanto Emília toda animada se divertia com
os novos bonequinhos. A menina imaginava que o bonequinho diferente era aquele
que tinha protestado de dentro da caixa.
Num dado momento ouviu a voz da mãe
chamando para o jantar.
Levantou correndo deixando os brinquedos
para trás. Estabanada, não percebeu que o Teófilo caíra no chão ao lado da
mesa. Ana logo se entristeceu. De onde estava, não conseguia mais ver seu
querido Teófilo.
Nisso
entrou, no quarto, o gato malhado, que se esgueirou sorrateiramente pela fresta
da porta deixada pela menina.
Curioso, logo notou a novidade. Num
salto certeiro alcançou a mesa derrubando Ana no chão ao lado da mesinha.
Aleluia! Finalmente Ana e Teófilo
estavam juntos.
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