MINHA QUARENTENA DOMÉSTICA
Antonia
Marchesin Gonçalves
A
vida sempre nos traz surpresas, nem sempre boas, por exemplo o caso desse surto
corona, não gosto nem de dizer o nome.
Em
todos os cinquenta anos de casada nunca convivi tanto com o meu marido, nem nas
férias. A casa era o meu reduto, tudo resolvido por mim, empregados,
alimentação, limpeza, filhos, escola, etc. À medida que foram casando até nos
vermos sozinhos de novo, senti medo de sermos dois estranhos e que a
convivência ficasse difícil. Mas não, por ele trabalhar e viajar muito, o meu
reduto não estava sendo invadido.
Com
essa crise atual, isolamento forçado, em que estamos obrigados, entendo que é
para o bem de todos, entrei em pânico. Cheguei a pensar “agora, junta ou separa!”.
Continuamos
com a nossa rotina de acordar cedo, ele no começo não sabia onde ficar dentro
de casa, ainda com a empregada zanzando pela pelas portas. Se optasse por ler o
jornal na sala, ela tinha que limpar o cômodo. Se fosse para o escritório
querendo trabalhar, lá vinha ela querendo limpar novamente. Ele chegou a dizer ”não
tenho lugar nesta casa!”. E eu tendo que
gerenciar esse vaivém que começou a me estressar.
Resolvemos,
como todos os vizinhos do prédio, dispensar a empregada por quinze dias, agora
temos mais liberdade, estamos cooperando um com outro, falamos com os filhos
pelo Skype, nunca assistimos tanto seriados, e apesar continuar trabalhando e
tendo reuniões online, se isola no escritório e eu em outro canto.
Nas
sobras do seu tempo me ajuda na cozinha, e até estamos fazendo umas comidinhas
bem boas. Nem quero nem pensar no fim da quarentena. Estamos só no inicio, mas
espero que o mundo e o nosso país superem rápido essa pandemia pelo bem da
humanidade.
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