A PEQUENA HEROÍNA
Sérgio Dalla Vecchia
Na rígida hierarquia das
castas de uma colônia de formigas saúva, destacava-se uma formiga soldado. Além
de possuir maior porte em relação às outras, excetuando-se a rainha(tanajura)
e o macho (bitu), demostrava uma energia diferenciada.
Ao menor sinal de perigo,
disparava à frente dos soldados, fosse qual fosse o inimigo. Um inseto ou um
animal curioso, era a primeira a atacar com dolorosas ferroadas,
apoiada pelas fiéis companheiras, destemidas guerreiras. Logo exterminavam o
intruso ou o expulsavam para longe.
Assim era a rotina da
colônia, sempre de prontidão!
Tudo ia bem até que surgiu o
alerta, inimigo a vista, antenou o sentinela!
Ela, cabeça erguida, partiu
rápido contra o intruso.
O problema foi que, tratava-se
de um enorme tamanduá Bandeira.
Chegou sem o menor receio e
logo aplicou uma rabada com a sua grande bandeira, espalhando uma multidão de
formigas por todos os lados.
A brava soldado, por mais
que ferroasse o tamanduá, nada acontecia devido a sua carapaça de pelos e pele
espessos.
O mesmo fracasso acontecia
com todo o exército. Nada resolvia, por mais que picasse e mordesse o tamanduá.
Assim o animal, como um
tanque de guerra avançava impassível à pífia defesa da colônia, até que chegou
no olho do formigueiro. Imediatamente mirou o focinho e soltou sua comprida
língua, formigueiro abaixo. Logo recolheu-a repleta de formigas e as ingeriu
como um néctar. Repetiu o ato mais algumas vezes. Logo saciado, retirou-se
calmamente para a mata.
No chão restou apenas
desordem. Terra revolta, folhas, galhos e formigas mortas espalhadas e alguns poucos
sobreviventes.
Dentre eles, lá estava ela,
exausta, mas insatisfeita com seu desempenho.
Ainda inquieta, pensou um pouco
com a grande cabeça, detectou sensações pelo ar, juntou forças e correu para
dentro do formigueiro. Na descida foi trombando com companheiras alvoroçadas pela
desordem da língua assassina, até chegar na câmara da rainha. Certificou-se de
que ela estava bem.
Estancou, cabeça erguida,
antenas em riste, deu três ferroadas no vazio anunciando sua valentia, como fazem
os guerreiros após a batalha. Assim, esgotada, tombou heroicamente ao lado de
sua Majestade a Rainha.
Missão cumprida!
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