O
RAPAZ NA ESTRADA
Maria Amélia Favale
Apoiado no carro em pane, o homem de
terno cinza demonstra impaciência olhando para o relógio diversas vezes, e
suspendendo o celular pra lá e pra cá em busca de um sinal para chamar a seguradora, mas em
vão.
Eu diria que ele estava até com sorte
apesar do contratempo, o céu está azul sem nuvens escuras, tudo indicava que não
choveria.
Mas se chovesse ele poderia se abrigar
dentro do veículo e não molharia o terno. Para ele o mais importante era que
alguém parasse e se interessasse em saber o que estava acontecendo. Mas ninguém
passava na estrada. Tudo estava deserto.
Cansado de esperar ele já ia desistindo
e já pensava em partir para outra solução, caminhar, por exemplo, quando apareceu
um rapazinho dirigindo um calhambeque.
Pensei, antes isso do que nada para
ajudar o coitado.
O jovem do carrinho, notando a complicação
do sujeito no acostamento, quis saber o que estava acontecendo. O rapaz de
terno cinza explicou que o automóvel parou e que não sabia o que havia com o
motor. O jovenzinho do calhambeque foi até a janela do automóvel em pane e
perguntou se tinha combustível no tanque. O homem alinhado ficou até irritado
com pergunta tão banal.
Mas o jovem ao ver essa impaciência
dele, fez novamente a pergunta, pois para ele não parecia tão banal assim. Então,
o homem do terno cinza contou-lhe que havia abastecido em um posto não muito
distante dali, portanto não tinha condições de ser falta de combustível.
Olharam-se em busca da então razão da
pane.
O garoto, dono de uma oficina mecânica
na cidade próxima, se apresentou e se prontificou a examinar o motor. O homem
de terno cinza ficou feliz, finalmente seu problema se resolveria.
O rapazinho levantou o capô, mexeu
aqui e ali, examinou fios e cabos e disse que poderia ser a bateria, pois havia
alguns cabos desconectados. Deve ser os buracos da via, completou.
Eu diria que ele encontraria o problema do carro.
E não que ele encontrou mesmo!
O jovenzinho levou o calhambeque para
mais perto do automóvel, e deu uma carga nova para a bateria do carro do homem de terno. E vapt!
Imediatamente o carro roncou forte. O
homem de terno cinza satisfeito quis pagar o serviço e já foi tirando um monte
de notas da carteira, mas o jovem rapaz disse que não queria o dinheiro dele, que
não estava ali como mecânico, mas o socorreu como amigo de estrada, pois esse problema pode acontecer com qualquer um.
Eu, da minha parte, diria que há anjos nas estradas,
você não acha?
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