CEGUEIRA
HUMANA
Maria Luiza Malina
Se esta história fosse
minha...
A cor intensa do amarelo
perdura noites e dias sem fim. Um Outono que jamais se perdia. Pairava e
descansava no ar. Nas asas das borboletas depositava o doce da polinização que
se enroscava entre a vegetação sem ser a Primavera. Na gota da chuva ou no
floco de neve, sem ser o Inverno, coloria a vida. No suor dos corpos, sem ser o
Verão, deslizava provocando frenesi.
Poucos a percebiam.
Deleitavam-se no dia e na noite sem a perceberam. Resolveu retirar-se.
Assim se fez. Calada.
Olhos na espreita, semicerrados para não se contaminar. O caos. Em pouco tempo
a contaminação foi geral. Esquecera-se da caixa de Pandora. Como pudera
deixar-se ludibriar. Não poderia deixar que o ingrediente que enfeitava a vida
de todos, embora não a vissem, lhes faltasse. Os dias que se seguiram, de
áspero sabor assombreado, denotava e insatisfação. A decisão não fora a melhor.
A contaminação havia sido geral e momentânea, como uma anestesia. De um a um,
de casa em casa, de flor em flor, de matas em matas, de rios em rios, de
ventos, nuvens, trovoadas, tremores e temores – nas asas do Amor das poucas e
tênues borboletas, despertou o amarelo no interior de cada ser, persistindo
que a esperança e o mundo melhor existem dentro de cada um e, assim a
Felicidade e o Amor soterraram os efeitos da caixa de Pandora.
“Começou sua jornada num
campo louro...”(A lenda do amor eterno) Suzana da Cunha Lima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário