NÓS E O UNIVERSO - FERNANDO BRAGA - TEXTO DO CONCURSO ESCREVIVER



Texto enviado para o Concurso EscreViver pelo Nhaguibra




Nós, e o Universo
Fernando Braga

       Tendo atingido a quarta fase, também conhecida como a derradeira, pouco espero, do que vem a seguir em minha vida.

       Quando criança, sempre aceitava, o que os outros diziam sobre a vida. Minha religião era a católica, por comodidade. Católico, ninguém vai te encher, é a religião comum do país. Frequentávamos igreja, em batizados, casamentos e missas de sétimo dia. Conhecíamos Jesus Cristo, filho de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade. O Pai, aquele velho gigante, de barba longa, pele branca, sentado em sua grande poltrona.

        Deus, havia criado todo o universo, em seus mínimos detalhes, todos os animais existentes e Adão, o primeiro homem. Para lhe fazer companhia, retirou parte de sua costela e dela criou Eva. Foram expulsos, quando ela comeu a maçã, da árvore proibida. É o significado do primeiro ato sexual.

       Jesus Cristo, filho de Deus, milênios depois, morria na cruz, pelo amor que nos devotava e para nos salvar, daquele pecado original cometido por Eva.

       Com 11 anos fui interno em colégio marista, do qual tenho boas recordações. Estudo muito bom, com latim, francês, inglês, muito esporte e sem dúvida, muita religião. Missas diárias às 6 da manhã, aulas de religião como parte do curriculum, confissão, comunhão, rezas frequentes, leitura das vidas de santos.

       Já tínhamos ouvido que o homem descendia do macaco, mas quem o louco que havia dito tal asneira? Discutir o fato com os padres?

       Este louco, Darwin, era da primeira metade do século XIX e havia escrito o livro: A origem das Espécies, a teoria evolucionista, que contradizia a criacionista, aceita pela igreja. Martin Lutero, Calvino, Zeitlin, John Knox e outros, eram considerados demônios, cujos nomes, não deviam ser pronunciados. Era a igreja!

     Já adultos, começamos a participar da ideia de que as religiões, eram enganações infantis.

       Fizemos todo este preâmbulo, como introito para considerar o universo onde vivemos, habitando um dos menores planetas, a Terra.

        A grande pergunta:  Como nasceu o Universo?

       A teoria mais aceita, é que o Universo se formou através do chamado Big Bang, um mistério. Segundo a teoria, há cerca de 15 bilhões de anos toda a matéria que constitui o Universo concentrava-se num único ponto, que explodiu, dando origem a tudo o que conhecemos… e até, ao que ainda não conhecemos.

       O cientista britânico Stephen Hawking, recentemente falecido, afirma em seu novo livro, inédito, que a física moderna descarta a participação de Deus na origem do Universo e que o Big Bang, foi uma consequência natural das leis da física. Como uma pequena bolinha de gude, contendo enorme energia, que após explodir, lançou pedaços em todas as direções, expandindo-se muito rápido, formando estrelas, planetas, demais elementos da astronomia. O Big Bang, se baseia na teoria geral da relatividade de Einstein( 1915),o mais elevado pensamento humano, do espaço e do tempo, que podem se expandir, encolher, curvar-se ou retorcer. O Universo, se expandiu trilhões de vezes seu tamanho original.

        A força de gravidade é consequência da curvatura do espaço- tempo, produzida por grandes planetas e estrelas.

       Muito contribuiu para o estudo do Cosmos, a presença de telescópios potentes, como o Hubble, que permitiu analisar a presença de milhares de galáxias, entre as quais a Via Láctea, onde nos situamos, e da qual, faz parte o próprio Sol, estrela de quinta grandeza.

       Os estudos de cosmologistas, físicos, mostraram também, a presença das chamadas estrela supernovas (SN). O Hubble captou o momento de explosão de uma estrela, em 1993.
       As Supernovas são objetos celestes pontuais, com luz extremamente intensa, com duração de apenas alguns meses. Não fossem as supernovas, a vida no universo seria impossível, porque a química existente seria excessivamente simples. De fato, no Big Bang só foram produzidos hidrogênio, hélio e uma pitadinha de lítio.

UMA SN


       Os estudiosos, falam também dos chamados buracos negros, bem estudado por Stephen William Hawking.

       Trata-se de certas regiões no espaço, onde a gravidade puxa de uma forma tão absurda, que nem mesmo a luz escapa desses “monstros espaciais”. A formação de um buraco negro acontece quando uma grande estrela morre e simplesmente é implodida, fazendo com que a sua densidade se torne infinita, com o acúmulo da massa.

       Eles podem ser grandes, pequenos e também gigantes. O menor deles pode ser do tamanho de um átomo, extremamente minúsculo, mas com uma força devastadora. Já os chamados de “stellar” podem chegar a ter 20 vezes a massa do Sol. Praticamente, todas as galáxias do universo abrigam um buraco negro supermassivo em seu centro. Para você ter ideia, a nossa Via Láctea abriga um “monstro” desse tipo, chamado de Sagittarius A, cuja massa equivale a quatro milhões de sóis, do nosso.

       A NASA diz que, contabilizando todos eles (não importa o tipo), já são mais de 10 milhões de buracos negros estelares existentes.

               Uma equipe europeia criou, em 1995, os primeiros átomos de antimatéria. Submetendo antiprótons a jatos de xenônio no acelerador de partículas, os cientistas verificaram que, da colisão entre antiprótons e átomos de xenônio, geraram-se nove átomos de anti-hidrogênio, formado de um antipróton e um pósitron. Os átomos existiram por quarenta bilionésimos de segundo, antes de serem aniquilados pela matéria. A produção de anti-átomos em laboratórios impõe aos cientistas uma dificuldade básica: as antipartículas obtidas encontram muito rapidamente, no espaço a sua volta, as partículas que lhe correspondem, e por isso se desintegram quase imediatamente.

        Nós, seres humanos, não passamos de um pequeno grão de areia, uma gota do oceano. Mas, realmente, não somos nada?

       É claro que somos! Fazemos parte do Universo.

      “Eu penso, logo existo”, disse Descartes, marcando a visão do movimento iluminista, e a razão como única forma de existência.

       Para terminar, gostaria de enfatizar a sensação estranha, de desanimo, de pequenez, que toma conta de todos nós, quando falamos da grandeza do universo.
       Analisando bem, o importante mesmo, é a nossa felicidade!

       -O prazer que sentimos, ao tomarmos um gole d´água fresca, límpida, de um riacho na mata, correndo no meio de pedras, seixos, fazendo aquele barulhinho característico. Apreciar uma borboleta azul, amarela, multicolor voando próximo. Ouvir o canário trinando. O delicado beija flor, parado no ar, sorvendo o mel das flores.

       E mais, o nascer e o pôr do sol, a chuva suave, o arco íris. O aparecimento da lua, as montanhas nevadas. Isto é o que vale a pena!

       Existe algo mais belo do que uma criança sorrindo? O amor que você sente por sua amada, beijando seus lábios calorosos e mais...mais e muito mais! Às vezes, a simplicidade e o silêncio dizem mais que a eloquência planejada.

        Isto tudo é Deus! A vida! A nossa curta vida!

       Epa! Pera aí! Socorro! Socorro! Estou sendo abduzido! Devem ser aqueles malditos ETs, que sempre estão passando por aqui, naquele OVNI colorido. O que será de mim agora, viajando na velocidade da luz!

                      

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