Vou para qualquer lugar onde você não esteja
Maria Verônica Azevedo
Naquele final de tarde, João, cansado do trabalho, chega distraído. Mecanicamente, vira a chave na fechadura e empurra a porta. Percebe que chutou algo. Só então vê o envelope que estava enfiado ali. Tinha só o nome dele e nenhum selo. Reconheceu a caligrafia: era da Rita.
Atirou a pasta sobre o sofá e sentou na poltrona segurando pensativo o envelope: o que ela queria agora...?
“João,
Desculpe o desencontro da última sexta. Esperava poder chegar a tempo, mas o trabalho me segurou até tarde. Quando cheguei ao restaurante, você não estava lá. Imagino que cansou de esperar. ”
Com a folha de papel nas mãos, João olhava para o bilhete com um sorriso enigmático nos lábios. Depois de alguns segundos, levantou-se e foi se acomodar na escrivaninha. Puxou um bloco de cartas e escreveu:
“Rita,
Não precisava se dar ao trabalho de escrever. Como da outra vez, você me deu o cano. Só que desta vez foi diferente. Estava eu sentado esperando você, quando uma menina afobada entrou correndo derrubando tudo. Ao acudi-la, notei como era interessante. Passamos o final de semana nos consolando um ao outro. Ela estava fugindo de um sujeito inconveniente.
Agora estamos juntos e vamos para qualquer lugar onde você não esteja.”
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