O VISITANTE SIDERAL
ISES DE ALMEIDA ABRAHAMSOHN
PSEUDÔNIMO: GATAMINA
TERCEIRO COLOCADO NO CONCURSO ESCREVIVER 2018 - EU E O UNIVERSO
O VISITANTE SIDERAL
Vou passar de novo por
aquela pedra insignificante que periodicamente visito. Devo dizer surgi há uns
dez milhões de anos e cumpro desde então meu trajeto neste insignificante sistema
solar. Não tenho muito que vangloriar junto aos colegas que circulam em
caminhos sinuosos ao redor de outros gigantescos sóis. O meu sol é pequeno e
tem alguns sóis ainda menores já extintos sem luz própria ao seu redor. Mas
duvido que os outros colegas tenham a importância que eu tenho para aquela
bolinha que é a terceira em órbita do meu pequeno sol.
Lá eu sou um acontecimento muito
importante. Apareceu naquela minúscula esfera uma forma de vida inusitada que
evoluiu nesses milhões de anos. Durante duzentos mil anos eu era observado por
esses novos habitantes às vezes com pavor, outras com indiferença ou alegria,
porém logo esquecido. Recentemente, nos últimos dois mil anos estes seres, que
se autodenominam humanos, passaram a marcar cada uma das minhas passagens e a me
espiar e desenhar quando passo mais próximo de seu planeta. Embora envaidecido preciso
confessar que nos últimos tempos perdi algumas das influências que me
atribuíram no passado. Já fui considerado responsável pela derrota de uns e
pela vitória de outros destes povos que não param de se guerrear e por calamidades
como pestes e fome.
De uns tempos para cá, não acreditam
mais que eu tenha poderes extraordinários. Espiam-me de todas as maneiras com
instrumentos de lentes polidas e foi por essa época há uns trezentos anos, na
conta de tempo deles, que um desses curiosos astrônomos, observou a minha
aparição e verificou o meu trajeto. Foi assim que recebi um nome em honra a
esse excelente cientista, Halley. Atualmente os humanos evoluíram muito nas
suas observações do universo. Fui fotografado de perto por sondas espaciais e aqueles
seres sabem qual é a minha exata composição. Mas eu sinto que, a cada vez que
passo perto do sol, fico menor. Os astrônomos também já predisseram o meu fim
daqui a algumas dezenas ou centenas de milhares de anos. Numa época onde não
mais haverá vida no pequeno planeta, ou pelo menos, nem astrônomos, nem
humanos. Talvez eles se instalem em outro sistema solar onde algum outro cometa
os visitará.
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