CORAÇÃO DE PAI, NO SEU DIA
Oswaldo
Romano
Como
numa mágica os preparativos para o dia dos pais vão se aflorando por todos os
lares. Surgem os cochichos das meninas o que oferecer ao pai no seu dia. Nasce uma ideia entre as maiores. Chiara a
menor de apenas oito aninhos devia convencer o pai, leva-la para passear na
cidade. A missão de Chiara era sentir os interesses do pai pelas coisas das
vitrines e depois informar suas irmãs. Foi muito bem instruída.
Na cidade, depois de visitarem algumas
galerias, o pai sempre puxado por Chiara a seguia.
—Filha, vamos para casa?
— Tá bom pai, mas quero que o senhor
veja só uma coisinha naquela loja. Venha pai... Venha.
Mostra-lhe
uma boneca que rí, engatinha, e senta. Entrando na loja, a boneca também chora,
repete perguntas, obedece e faz xixi.
Perguntado o preço, era equivalente a um bom terno para o pai.
— Compra pai. Compra.
— Filha, é muito cara!
— Pai. A Nice, a Lu falou que o senhor
nunca negou nada. Que é o melhor pai do mundo! Que vai ser o seu dia...
O
pai como tantos outros, ali admirando a filha, ouvira seus pedidos, e vai se
desdobrar o quanto puder para realizar aquele sonho e deixar a filha feliz. Parte daquilo que ele aspirava comprar
para si, deixaria para depois. Agora estava comovido diante daquele rostinho
radiante e de uma pureza angelical. Não resistiu, levantou-a num carinhoso
abraço. Puxando-a junto ao ombro, embaralhou seu rosto naqueles cabelos
sedosos, escondendo suas lágrimas de emoção. Criou mais um instante mágico na
sua vida. Sentiu, era esse o momento
de libertar com a sua simples atitude, seu até então duro, vacilante, e
atribulado coração de pai, renovando assim os valores do próprio lar. Compraram
a boneca. E as irmãs vexadas procuravam
entender.
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