BODAS
DE ZIRCÃO
(Criar
um conto em que a lua agigantava-se...)
Oswaldo Romano
Faltavam poucos dias para completar os
vinte e um anos de casados. Motivou Fá e Cris o entusiasmo de comemorar.
Chegaram imaginar uma viagem a sós, onde poderiam recordar momentos vividos
durante todo esse tempo. Fá fazia planos, muito entusiasmado. Certa noite,
ociosos, pensativos, cabeças nos travesseiros, Cris disse:
— Fá. Tudo que passamos durante esses
vinte e um anos, tenho, ou melhor temos guardados e relembramos toda vez que
procuramos neles pensar. Quase sempre prevalecem os momentos mais tristes.
Doenças, mortes, acidentes que achamos ter ganhado uma segunda vida.
— Cris. Pelo amor de Deus, não quero
lembrar nada disso!
— Estou com medo dessa viagem de carro
por essas esburacadas estradas brasileiras.
— É verdade. O que gastaram nos
estádios de futebol, o que roubaram, não eram só as estradas que seriam modernizadas,
não. Tem a educação. Aliás, isso não interessa para eles. O povo quanto mais
ignorante melhor.
— Você falou pouco. E a segurança? A
moradia, a saúde... Chiiii
— Então, vamos fazer um jantar, uma festa a luz da lua e convidamos,
alguns que
foram ao nosso casamento, familiares, o que você acha?
— Ótimo!
Assim chegou o
esperado dia.
— Cris, a casa esta enfeitada - disse Fá
– Hoje, vamos esquecer a vida, festejar com amigos, vamos flutuar.
Olhe, estão
chegando. Em cima a lua nos brinda, agiganta-se nesse céu azul esmaecido, dando
lugar ao brilho de tantas cintilantes estrelas. Nossos convidados estão
admirados.
Veja! Tem
festa também no vizinho do 117! Da sua varanda, assim como nós, podem ver sua
luz, às vezes escondida pelas sombras das nuvens. Quando ela reaparece, por
eles é saudada, mas nossos aplausos e gritos de felicidades, banhados pela sua
luz de prata, preenche todos os lugares. Parece que este espaço é só nosso. Ela
é solitária, está só, e consegue oferecer tanto brilho!
— E
eu?
—
Claro. Você brilha tanto quanto ela!
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