AO PAI QUE NÃO TIVE
Suzana da Cunha Lima
Pai, fostes tão cedo...
Não chegastes sequer a ver tua menina
Ir-se tornando moça
E desabrochar como mulher.
Não me conheceste carregando no ventre
Um neto teu, um varão como querias
E como avô, meu pai, como serias?
Pois hoje tens muitos netos,
Mas foi-te roubada a alegria
De vê-los nascer a crescer,
Como a mim roubaram o direito de ter um pai,
Ainda tão criança, ainda a florescer...
Como faz falta um pai...
Eu me tornei órfã muito cedo
E muito cedo aprendi como machuca
Uma saudade que não se compreende
Um vazio que nunca se preenche,
Uma risada que nunca mais se escuta
Perdi aqueles braços fortes
Que me colocavam lá no alto
Tão alto que eu me sentia um gigante
Naquele lugar onde o mal não nos alcança
Onde só existem certezas e esperanças.
Aquele lugar onde apenas os pais conseguem colocar seus filhos
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