ANÃO DE JARDIM
LYGIA FAGUNDES TELLES
A
data na qual fui modelado está (ou não) gravada na sola da minha bota mas esse
detalhe não interessa, parece que os anões já nascem velhos e isso deve vigorar
também para os anões de jardim, sou um anão de jardim. Não de gesso como
pensava a Marieta, Esse anão de gesso é muito feio, ela disse quando me viu.
Sou feio mas sou de pedra e do tamanho de um anão de verdade com aquela roupeta
meio idiota das ilustrações das histórias tradicionais, a carapuça. A larga
jaqueta fechada por um cinto e as calças colantes com as botinhas pontudas, de
cano curto. A diferença é que os anões decorativos são risonhos e eu sou um
anão sério. As crianças (poucas) que me viram não acharam a menor graça em mim.
Esse anão tem cara de besta, disse o sobrinho do Professor, um menino de olhar
dissimulado, fugidio. Então eu pensei aqui com os meus botões (não tenho
botões) que quando ele for homem vai ser um corrupto boçal e essa ideia me
deixou bastante satisfeito. Não agrado as crianças e nem espero mesmo agradar
essas sementes em geral ruins, com aqueles defeitos de origem somados aos
vícios que acabam vindo com o tempo. Quais desses pequeninos modelados pela
vulgaridade dos pais vão chegar à plenitude de seres honestos? Verdadeiros? Não
quero ser um anão puritano, afinal, não estou pedindo heróis, não estou pedindo
santos mas dentre esses machos e fêmeas, quais deles serão ao menos limpos? Dê
um passo à frente aquele que conseguir escapar da agressividade num mundo onde
a marca (principal) é a da violência. Pois é, as crianças. Não tive melhor
impressão dos adultos, pelo menos dos habitantes dessa casa. Tirante o
Professor (bom e bobo) pude ver (por dentro) a sedutora Hortênsia que desde o
começo desconfiou de mim, Não parece um anão filosofante? Prefiro os anões
inocentes, ela disse. Então a Marieta riu com seu hipócrita lábio leporino, É
um anão de gesso, Professor? Não dá sorte, resmungou. Ele não respondeu, tinha o
cachimbo no canto da boca e estava ocupado em me instalar mais confortavelmente
entre os tufos de samambaia e próximo da cadeira onde vinha se sentar para
tocar o seu violoncelo. Pois é, os adultos. A saltitante Hortênsia matou
(devagar) o Professor com doses (mínimas) de arsênico dissolvido no chá-mate.
Não era melhor a chantagista Marieta que vestia as roupas da patroa quando ela
viajava e dava beijos estalados no focinho do Miguel para depois aplicar-lhe os
maiores pontapés quando não via ninguém por perto. Falei em Miguel, um
vira-lata que Hortênsia achou na rua quando voltava do encontro com o amante,
ela ficava generosa depois desses
encontros, recolheu o Miguel com suas pulgas e numa outra noite recolheu o gato
no qual botou o nome de Adolfo. Esse sempre foi sagaz como a própria dona mas
ainda assim eu o preferia ao Miguel que era superficial, confiado,
na primeira vez em que me viu levantou a perna e mijou na minha bota.
Fui
feito de uma pedra bastante resistente mas há um limite, meu nariz está carcomido
e carcomidas as pontas destes dedos que seguram o meu pequeno cachimbo. E me
pergunto agora, se eu fosse um anão de carne e osso não estaria (nesta altura)
com estas mesmas gretas? Nem são gretas mas furos enegrecidos como os furos dos
carunchos, a erosão. Tanto tempo exposto aos ventos, às chuvas. E ao sol. Tudo
somado, nesta minha vida onde não há vida (normal) o que me restou foi apenas
isto, juntar as lembranças do que vi sem olhos de ver e do que ouvi sem ouvidos
de ouvir. Presenciei, assisti como testemunha impassível (na aparência) ao que
vagarosa ou apressadamente foi se desenrolando (ou enrolando) em redor, tantos
acontecimentos com gentes. Com bichos. Mas tudo já acabou, as pessoas, os
bichos, desapareceram todos. Fiquei só dentro de um caramanchão em meio a um
jardim abandonado. Pela porta (porta?) deste caramanchão em ruínas vejo a casa
que está sendo demolida, resta pouco dessa antiga casa. Quando ainda estava
inteira havia em torno uma espécie de auréola, não eram as pessoas mas era a
casa que tinha essa auréola mais intensa nas tardes de céu azul. E em certas
noites claras, quando em redor dela se formava aquele mesmo halo luminoso que
há em redor da lua. Agora há apenas névoa. Pó. A morte lenta (e opaca) da casa
exposta vai se arrastando demais, os dois operários demolidores são vagarosos
(preguiçosos) e estão sempre deixando de lado as picaretas para um jogo de
cartas com uma cerveja debaixo do teto que ainda resta. Falei na auréola da
casa. Esse suave halo também surpreendi (às vezes) em redor da cabeça do
Professor mas isso foi nos primeiros tempos, quando ele ainda tinha forças para
vir compor no seu violoncelo, ele compunha aqui ao meu lado. Mas assim que a
distraída Hortênsia (fazia a distraída) começou a executar seu plano para
herdar esta casa (e outras), assim que começou a esquecer (era esquecida) as
tais pequenas doses de veneno na caneca do chá-mate, a carne já envelhecida
(setenta anos) do Professor começou a ficar
mais triste. E o halo foi se apagando até
desaparecer completamente. O Professor, Hortênsia e Marieta. O Professor tocava
seu violoncelo e sonhava até que interrompeu (ou continuou?) o sonho debaixo da
terra. Hortênsia, a (falsa) distraída podia ter ido embora simplesmente com seu
amante corretor de imóveis mas e a herança? Na última vez em que apareceu aqui
no caramanchão teve um olhar pensativo para o violoncelo lá no canto. Voltou o
olhar para mim e disse como se eu tivesse lhe pedido satisfações, Depois eu
volto para levar. Não voltou. Saiu com seu passinho curto e o seu espelho e o
seu gozo. Depois de tão longa temporada com um músico velho, só um corretor tão
jovem quanto voraz, foram cúmplices no crime. Será que o tempo (o remorso) vai
um dia corroer as delicadas entranhas de Hortênsia como corroeu a minha cara?
Fico às vezes me perguntando por que a Marieta me irritava ainda mais do que a
própria assassina que pelo menos sabia o que queria e fez (bem) o que planejou.
Mas a Marieta-Alcoviteira era uma estúpida, chantageou (mal) a patroa e só não
foi além porque mediu a força da outra e teve medo, recuou. Habilmente,
Hortênsia se desfez dela, mandou-a cozinhar em outra freguesia até o dia em que
ela mesma for cozinhada no fogo do inferno. Os bichos? Adolfo, o gato, assim
que desconfiou que as coisas por aqui não andavam brilhantes, fez sua valise e
tomou rumo ignorado, sempre foi misterioso. Continua em algum lugar com o seu
mistério. Miguel, o cachorro, era superficial
mas esperto, quando viu o navio afundando, saiu correndo e foi se aboletar com
os móveis no caminhão da mudança e de lá ninguém
conseguiu tirá-lo, o que fez a Marieta perder o fôlego de tanto rir quando
avisou à patroa que o Miguel já tinha ido na frente esperar por ela na nova
casa. O triunfo da impunidade.
Debandaram
todos. Eu fiquei. Eu e o violoncelo esquecido e apodrecendo lá no canto. A
madeira do caramanchão também apodreceu debaixo das trepadeiras ressequidas, um
dia os homens da demolição entraram aqui para fazer suas avaliações. Olharam o
violoncelo, bateram com os nós dos dedos na madeira, Será que isso vai render
alguma grana? o mais velho perguntou. O outro fez uma careta, Apanhou muita
chuva, não serve nem para o fogo, disse e botou a mão no meu ombro. E este anão
rachado? Deixa este por minha conta que eu acabo com ele. Saíram e ficou o
silêncio murmurejando no jardim. Uma aranha cinzenta desceu e foi tecer sua
teia entre as grossas cordas do violoncelo mas as cordas já estavam fracas e
como se a teia pesasse, foram estourando aos poucos, tóim, tóim. Então a aranha
abandonou a casa musical, deve estar por aí com os insetos e outros bichinhos
que continuam fazendo (e desfazendo) os seus negócios. Volto às minhas
lembranças que foram se acumulando no meu eu lá de dentro, em camadas, feito
poeira. Invento (de vez em quando) o que é sempre melhor do que o nada que nem
chega a ser nada porque meu coração pulsante diz EU SOU EU SOU EU SOU. Meu
peito (rachado) continua oco. A não ser um ou outro inseto (formiga) que se
aventura por esta fresta, não há nada aqui dentro e contudo ouço o coração
pulsante repetir e repetir EU SOU. Fiquei como um homem que é prisioneiro de si
mesmo no seu invólucro de carne, a diferença é que o homem pode se movimentar e
eu estou fincado
no lugar onde me depositaram e esqueceram. Até ser removido. Ou destruído, o que vai acontecer logo, os
demolidores estão chegando à última parede da casa. Logo eles virão com as
picaretas nesta direção, já disse que o mais jovem (e mais forte) me escolheu.
E até que esses operários sabem fingir
eficiência, a pressa porque
apressado mesmo é o corretor- amante, ontem ele andou por aqui. Deu suas ordens
com a maior ênfase, está impaciente, o terreno é grande e está localizado num
bairro elegante, quer fazer logo o negócio. Quando foi embora no seu belo
carro, fiquei olhando o jardim com sua folhagem desgrenhada enfrentando
bravamente o capim furioso. Um jardim selvagem mas fácil de abater, trabalho
vai dar a figueira-brava com suas raízes agarradas à terra, se descabela às
vezes quando fica em pânico. Mas antes será a vez deste caramanchão e eu aqui
dentro. Meu avô também era meio arrogante, me disse o Professor certa noite. E
riu seu riso breve, nesse tempo ainda ria. É com arrogância que agora espero a
morte? Não tenho medo, não tenho o menor medo e essa é outra diferença
importante entre um anão de pedra e um homem, a carne é que sofre o temor e
tremor mas meu corpo é insensível, sensível é esta habitante que se chama alma.
Falei em alma, seria ela um simples feixe de memórias? Memórias desordenadas,
obscuras. Tudo assim esfumado como um sonho entremeado de fantasmas, seria
isso? Não sei, sei apenas que esta alma vai continuar não mais neste corpo
rachado mas em algum outro corpo que Deus vai me destinar, Ele sabe. E agora me
lembro da noite em que este peito rachou feito uma casca de ovo: Hortênsia
entrou aqui trazendo um pratinho de biscoitos e a caneca fumegante de chá-mate.
Deixou a bandeja na mesinha e fez um ligeiro afago na cabeça do Professor que
estava abraçado ao violoncelo mas com as mãos descansando frouxas sobre as
cordas. Ela voltou para mim o olhar buliçoso, E como vai o anão filosofante? Um
dia vou tapar os seus ouvidos com duas bolinhas de algodão, ela disse rindo. E
levou a caneca ao Professor, Toma logo, querido, assim vai esfriar! Foi quando
meu peito pareceu intumescido, inchado, era tamanha a minha fúria e asco, quis
saltar e jogar longe aquela caneca, Não beba isso! O que eu teria lhe
transmitido nesse instante para que ela tivesse aquela reação estranha? Ficou
de costas, afastou-se. Ele pegou a caneca, soprou a fumaça e tomou um largo
gole como um viciado em veneno. Teve um sorriso descorado quando me indicou com
a mão que segurava a caneca, Deixa o Kobold com seus ouvidos, preciso de um
ouvinte assim severo. Fechei os olhos (olhos?) para não vê-lo beber o resto do
chá.
Vou
jogar no clube, ela avisou ao sair toda saltitante, andava às vezes feito um
passarinho. Ah, não vá deixar de tomar sua sopa, já avisei a Marieta. Ficamos
sós. Então eu tive ímpetos de agarrá-lo, sacudi-lo até fazê-lo vomitar o chá,
Seu idiota! Ela está te matando, te matando! Minha indignação foi tão violenta
que senti nessa hora que alguma coisa em mim estava se rompendo, foi excessivo
o esforço que fiz
para me movimentar. Ele continuou imóvel,
pensando, a cara assombrada. Depois levantou-se com dificuldade, chegou a se
apoiar no violoncelo que quase tombou num gemido, Blom!… Vai chover, Kobold,
avisou baixinho. Quando o vi afastar-se cambaleando em direção à casa eu tive a
certeza de que não ia vê-lo mais. A chuva se anunciou num raio que varou o teto
do caramanchão. Fui atingido ou foi aquela coisa que se armou no meu peito e
acabou por golpear a pedra? Não sei, mas sei que foi nessa noite que se abriu
esta rachadura sem sangue e sem dor. Então as formigas foram subindo pelo meu
corpo e vieram (em fila indiana) me examinar. Entraram pela fresta,
bisbilhotaram o avesso da pedra e depois saíram obedecendo a mesma formação,
além de disciplinada a formiga é curiosa e essa curiosidade é que a faz eterna.
Kobold.
Pois Kobold foi o nome que o Professor me deu, ele estava num antiquário quando
me descobriu de repente no fundo penumbroso de uma das salas. Achou graça em
mim (nesse tempo ainda ria) e disse ao vendedor que eu era muito parecido com
seu avô chamado Kobold, o avô tinha o mesmo nariz de batatinha, a pele toda
enrugada e esse jeito pretensioso de juiz que julga mas não admite ser julgado.
Inclinou-se para me examinar e pareceu agradavelmente surpreendido, Esse anão
tem um furinho lá dentro do ouvido como as imagens dos deuses chineses para
ouvir melhor as preces. Não vai ouvir preces mas o meu violoncelo, ele avisou ao
me instalar no chão arenoso do caramanchão, entre dois tufos de samambaia. Sua
música era boa? Era ruim? Não sei e nem ele ficou sabendo, esse meu dono era
tão fraco que não teve nem forças para cumprir sua vocação, não tomava notas ou
então rabiscava desordenadamente as composições em folhas que acabava perdendo
e a Marieta jogava no lixo. Tocava o violoncelo horas seguidas (blom, blom,
blom) refugiado ali no verde do caramanchão fechado pelas trepadeiras e nesses
momentos parecia (vagamente) feliz. E agora me lembro, quando um sabiá veio
cantar na figueira, ele se encantou e acabaram ambos fazendo um dueto, o sabiá
soltava seus gorjeios agudos e o violoncelo respondia com sons tão graves que
pareciam vir das profundezas da terra. Me lembro ainda que ele lamentou um dia,
Que pena, o sabiá foi embora. Numa tarde em que Hortênsia chegou com a manta
para cobrir-lhe os pés (fazia frio), surpreendeu-o falando sozinho e fingiu
zangar-se, Não quero que fale sozinho, querido, isso é coisa de velho! Ele
suspirou, Mas eu sou velho. E defendeu-se em seguida, Não estou falando
sozinho, estou falando com o Kobold. Mas isso já faz muito tempo, ela era
amante do banqueiro com quem ia para a Europa, acho que não pensava (ainda) em
assassinar o Professor. Nessa época ele estava de cama com bronquite e era aqui
no caramanchão que ela vinha telefonar para o amante. Trazia o pequeno telefone
dentro da sacola de lona vermelha e ficava fazendo suas ligações secretas.
Quando não conseguia comunicar-se com ele (era casado) mandava a Marieta
levar-lhe os bilhetes. Aqui ela teve a notícia da morte do banqueiro e pela
palidez que vi em sua face (sempre corada) pude bem imaginar o quanto ele era
rico. Vieram em seguida os outros amantes, demorou um certo tempo para conhecer
o corretor que acabou seu cúmplice. Pelas conversas (em código) que chegavam
(às vezes) ao auge da discussão, deu bem para perceber que ele queria recuar,
deve ter tido medo. Mas quando esse tipo de mulher mete uma coisa na cabeça,
vai mesmo até o fim. A diferença foi que dessa vez a mensageira Marieta (que já
devia estar chantageando) ficou completamente de fora.
Amanheceu.
Ontem, os homens derrubaram o último muro e hoje será a vez do caramanchão,
ouvi os dois combinando, a figueira vai ficar
para depois. Deixa o anão
comigo, o mais jovem lembrou e fez um gesto obsceno. Tenho pouco tempo. Sei que
esta essência (alma?) que me habitou tantos anos não vai agora se esfarelar
como a pedra, sei que vou continuar, mas onde? Reconheço que sou mal-humorado,
intolerante, não devo ter sido um bom parceiro nem de mim mesmo nem dos outros,
não me amei e nem amei o próximo. Mas convivendo com esse próximo eu poderia
ser diferente? Tanta ambição, tanta vaidade. Tanta mentira. O Professor era
delicado, manso de coração mas não era irritante com a sua mornidão? A bondade
sem a coragem, sem a energia, ele nem dava pena, dava até raiva. Dos outros,
desses não quero nem falar, tenho pouco tempo, confesso que não fui mesmo
compassivo e assim ainda ouso sonhar com uma outra vida porque sempre sonhei (e
ainda sonho) com Deus. Então peço isto, queria servi-lo na ativa, quero lutar
com o amor que sou capaz de ter e não tive, queria ser um guerreiro, não um
discípulo- espectador, mas um discípulo-guerreiro, me pergunto até hoje como
aqueles lá permitiram a crucificação de Jesus Cristo. Eu sei do seu desencanto
diante deste mundo que ficou ruim demais e ainda assim estou pedindo, quero
lutar, me dê um corpo! Imploro o inferno do corpo (e o gozo) que inferno maior
eu conheci aqui empedrado. Na hora do julgamento do Cristo Pilatos pede uma
bacia d’água, lava as mãos e diz: “Estou inocente do sangue deste justo”. Ah!
eu queria tanto entrar ali na forma de uma serpente e picar Pôncio Pilatos no
calcanhar!
As
vozes dos demolidores estão mais nítidas, um deles parou para arregaçar as
mangas da camisa, vai acender um cigarro. Baixo o olhar e vejo um escorpião que
saiu de debaixo da pedra e se aproximou até parar interrogativo diante do bico
da minha bota. Sei que é o último bicho que vejo, nenhum medo nem dele nem da
morte mas agora é diferente, estou ansioso, ansioso, ah! se pudesse
compreendê-lo, mas escorpião não precisa de compreensão, precisa de amor. Tem a
cor da palha seca e a cauda erguida, está com a cauda em gomos sempre erguida
no alto e em posição de dardo, o veneno na ponta aguda, é um lutador pronto
para se defender. Ou atacar. Avançou mais e as pinças dianteiras que sondam e
informam — as pinças se imobilizaram endurecidas no ar. A cauda (rabo) erguida
e pronta para o combate se ele pressentir que minha bota vai avançar. Aí está o
taciturno habitante das cavidades. Das sombras. E me lembro de repente, vi
certa tarde um casal (macho e fêmea) passeando de mãos dadas, é possível? mas
vi o casal sair de mãos dadas sob o sol que se escondia, também eles se
escondendo.
Os
homens estão parados na entrada do caramanchão e combinam um jogo para mais
tarde, o mais velho parece satisfeito, o trabalho está praticamente terminado.
O escorpião já fugiu com seu dardo aceso, as pinças altas no alerta,
escondeu-se. A tática. Um ser odiado odiado odiado e que resiste porque os
deuses o inscreveram no Zodíaco, lá está o Signo do Escorpião o Scorpio e se
Deus me der essa mínima forma eu aceito, quero a ilusão da esperança, quero a
ilusão do sonho em qualquer tempo espaço e o demolidor jovem está aqui junto de
mim. Pai nosso que estais no céu com a Constelação do Escorpião brilhando
gloriosa brilhando com todas as suas estrelas e o braço do homem se levanta e
fecho os olhos Seja feita a Vossa vontade e agora a picareta e então aceito
também ser a estrela menor da grande cauda levantada no infinito no infinito deste céu de outubro.
Resumo do conto anão de jardim:
Esse é um resumo “Anão de Jardim”, de Lygia Fagundes Telles, publicado no livro “A noite escura e mais eu”, de 1995. A narrativa em primeira pessoa conta a crise pela qual passou um casal e os problemas de comunicação entre eles. A autora aborda problemas comuns no mundo moderno, como a falta de interação entre pessoas que deveriam ser próximas.
No conto, que é narrado por um ser inanimado, os personagens possuem problemas que não podem ser resolvidos. O leitor acaba experimentando uma tensão narrativa, pois encontra, ao mesmo tempo, um caráter fantástico e um realismo frio. A história traz características marcantes de muitas narrativas do final do século XX e começo do XXI. Leia agora o resumo Anão de Jardim.
A história é narrada por um anão de jardim, que teve influência direta no conflito da narrativa. Feito de pedra, o anão se chama Kobold, e presencia a destruição da casa onde viveu durante muito tempo. Na sua companhia, só conta com um violoncelo quebrado. Eles terão o mesmo fim da casa e de tudo o que há nela.
Enquanto aguarda no caramanchão, o anão observa os operários trabalhando. Começa, então, a se lembrar de como foi sua vida até aquele momento. Ele nos conta que foi um professor que o comprou. Esse homem que o retirara de um antiquário tornou-se seu amigo, e ambos gostavam de conversar. O professor tinha uma esposa chamada Hortência, que era desprezada por seu marido. Ele passava muito mais tempo conversando com Kobold, deixando sua mulher solitária e isolada...
Leia mais: https://www.resumoescolar.com.br/literatura/resumo-anao-de-jardim/
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