O ASSALTO
Antonia
Marchesin Gonçalves
O banco da USP na Cidade
Universitária estava lotado. Sarah com seu jeito de menininha mascando chiclete
ao passar pela porta rotatória a bola estoura, o barulho assusta a todos
inclusive o guarda do banco. Ela tira o chiclete da boca e mostra com a mão
levantada. Liberada entra sob olhares de reprovação. Todos a conhecem, pois, todos
os meses ela vai ao banco retirar a mesada que recebe dos pais moradores em
Bauru, interior de São Paulo. Por ser de estatura pequena e magra aproveita usa
roupas descontraídas e coloridas, estilo desleixada chique. A fila do caixa
estava cumprida, tentou o caixa eletrônico, mas fila também estava grande. Não teve jeito a não ser esperar.
Estudante de jornalismo anda sempre com pequeno gravador na bolsa e a caderneta
de anotações.
Na fila ela não percebe um
movimento dentro do banco, até ver as pessoas se deitarem no chão com as mãos
na cabeça, era um assalto. Um bando de cinco integrantes mascarados e fortemente
armados assustando a todos. Após se acalmar no chão, ela começou a analisar a
situação, primeiro os clientes, vários senhores com muitas notas na mão,
algumas mulheres e um cliente em especial moço todo de branco, com certeza era
médico, aparentemente tranqüilo. Os cinco assaltantes estavam vestidos iguais,
macacão cinza e boné e máscaras de macacos. Reparou que os tênis eram
diferentes, mas todos de marca top. Estando deitada no chão percebeu que o
médico estava ao seu lado, aproximou-se para se proteger e ligou o gravador, ele percebeu sua intenção e
ajudou a encobri-la.
Os assaltantes nervosos falavam
alto, apesar das máscaras distorcerem as vozes, chamaram o gerente pelo nome e
exigiram que todos se levantassem e foram trancados na sala da gerência,
exigindo que ficassem todos sentados juntos. Depois de uns dez minutos Sarah se
arrastou até a divisória com janela de vidro e viu que o gerente falava com
eles aparentemente sem medo. O médico avisou para que ela tomasse cuidado pondo
em risco a vida de todos. Sarah ao invés disso pega o celular da bolsa e filma.
Realmente o gerente colaborava com eles, pois nem as mãos ele tinha levantadas.
Viu que dois entraram no cofre e outros três de vigia. Ao saírem do cofre não
transportavam grandes malotes de dinheiro, mas sim uma caixa de metal e só.
De imediato se uniram e
combinaram que o gerente se virasse para levar uma coronhada na cabeça, caído e
machucado esperasse dez minutos para libertar os reféns e chamar a policia. Assim
foi ela guardou o celular e gravador sentou ao lado do médico que estava
admirado pela coragem e audácia da jovem. Humberto se apresentou e liberados
ele atendeu o gerente que sangrava na cabeça em seguida chegou a policia. Após
todos darem os depoimentos, os mais nervosos sendo atendidos pelos paramédicos
e liberados. Humberto foi conversar com Sarah sobre o material que ela tinha e
o que iria fazer. Vai ser o meu furo jornalístico, vou vender a matéria para o
jornal e mídia. Humberto admirado elogiou a coragem de Sarah e convidou-a para
jantaram naquela noite se estivesse livre e comentou que tomasse cuidado com o
gerente, com certeza era um deles, trocaram telefones. Há noite no restaurante
Humberto perguntou se ela já havia mandado o material para o jornal, ao que ela
tranqüila respondeu que estava organizando para editar, porque o que mais a
intrigava era saber o que continha naquela caixa para motivar o assalto.
Ele concordou também havia
notado só a caixa e que não havia saído nenhuma noticia nem nos jornais da TV.
Nos dias seguintes resolveu investigar por conta própria o gerente, que voltara
a trabalhar aparentemente sem traumas. Soube que trabalhava nesse banco há
cinco anos, era divorciado e sem antecedentes policiais. Nesse meio tempo
Humberto ligava todos os dias querendo vê-la e aproveitava para fazer perguntas
sobre as investigações. Nada boba Sarah começou estranhar o interesse de
Humberto sobre o caso e resolveu checar sobre ele e descobre que o próprio
tinha sim antecedentes criminais e já tinha sido preso por estelionato.
Resolveu convidar-lo para jantar
em seu apartamento, combinando com um investigador amigo que lá ficasse de
tocaia para armar um esquema de confissão sobre o assalto. Jantaram e a
conversa foi sobre vários assuntos. Ele cuidadoso, até que começou a demonstrar
impaciência quando tira uma arma e exige dela que lhe entregue o material. Calma
se propõe a dar, só queria saber o que continha na caixa de tão importante a
ponto de um assalto daqueles. Achando que estavam sozinhos, ele conta que era
traficante e descobrira que o líder do bando seu sócio, havia desviado uma
quantidade grande de diamantes para a sua conta pessoal, após acerto de contas
não conseguindo dele o código não teve outro recurso a não ser o assalto.
Ao ouvir a confissão o
investigador armado aparece e desarma Humberto e já havia contatado a policia.
Dias depois Sarah consegue seu furo jornalístico revelando toda história. Prenderam
o gerente, cúmplice do roubo. E, Sarah teve então a certeza de que carreira de
jornalista investigativa seria promissora.
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