A
tática
Ledice Pereira
Georgette tinha enorme
expectativa com a nova vida. Casada há três meses, procurava viver o sonho das
histórias de fada que, até pouco tempo, a embalavam. Estava com dezoito anos e
pensava que com o casamento estaria livre das implicâncias do pai.
Apaixonou-se por Felipe no
primeiro encontro. Ele era lindo, forte, atlético, divertido.
Nos primeiros meses de casado,
ele ainda continuou a ser aquele príncipe, mas passado o tempo começou a voltar
tarde, sair com amigos, ir ver jogar o amado time de futebol, enfim, já não era
mais o mesmo.
Acho que terei que botar minha
imaginação para trabalhar. Tenho que trazer o Felipe mais pra perto de mim.
Quebrou a cabeça procurando
ter uma ideia brilhante.
Começou por fingir falar ao
telefone, sempre que ele chegava em casa. Mostrava-se efusiva como se estivesse
num papo interessantíssimo. Desligava como se nem mesmo tivesse notado a
presença do marido.
Como ele não demonstrasse
curiosidade com a identidade do interlocutor pensou em outro artifício.
Nas semanas que se seguiram
passou a sair perto do horário da chegada de Felipe, voltando sempre após se
certificar que ele já se encontrava em casa.
─ Oi
amor, já chegou? Desculpe o atraso.
─ Você estava onde?
─ Ah,
eu não te falei? Fui encontrar uma
turma de amigos. Jantei com eles. Você não está com fome, não é mesmo?
Como a cena se repetiu algumas
vezes, Felipe começou a ficar com a pulga atrás da orelha.
Com quem será que ela sai
tantas vezes e volta tão alegrinha olha como está toda pintada toda arrumada
acho que ela está é me traindo.
Ele não queria demonstrar sua
insegurança. No entanto, resolveu permanecer mais tempo em casa, deixando de
sair com os amigos, para poder controlá-la de perto.
Georgette conseguiu botar um
cabresto no maridão sem que para isso tivesse que brigar, fazer cena de ciúme,
chorar ou mostrar-se insatisfeita.
Simplesmente usou da
inteligência!
Nenhum comentário:
Postar um comentário