A HISTÓRIA DE HELGA
Oswaldo
Romano
Mesmo morando num castelo acostumada a ouvir
fantasmas, contadas em tantas histórias, Helga nos seus quatorze anos vivia
absorvida pensando como seria seu futuro.
O imenso jardim do castelo mostrava
centenas de enormes árvores que impediam a entrada do sol. Helga vestida com
seu transparente vestido branco, corria entre as arvores dando luz àquele
espaço. Imaginava a qualquer momento encontrar seu príncipe encantado.
Imaginava-o saindo detrás de uma daquelas enormes castanheiras, brilhando com
uma coroa de ouro na cabeça, camisa branca, calça bufante até os joelhos,
legging de veludo vermelho que disputava espaço com as longas botas.
Imaginava que empunhasse um cetro real
e que a vendo corresse em sua direção. Sua capa esvoaçando destacaria o forro
vermelho purpuro.
A esperança não morria. Voltava
constantemente, cada vez mais, desenhando aquele quadro. Numa tarde, todo
ambiente ficou rosado, mostrando que nas alturas o sol caia ruborescendo as
nuvens.
Entusiasmada, tomada pela floresta viva,
enquanto corria cantava sua canção de amor. Alguns pássaros a acompanhavam
levando-a a dar profundos agudos. Jogando-se, dando voltas, presa a uma arvore
menor, notou entre a neblina que surgia uma imagem colorida. Helga cheia de
espanto e esperança, cerrando os olhos, seu corpo tomado de emoção vislumbrou
entre nevoa seu esperado príncipe.
Helga fechava as pupilas tentando
clarear aquela imagem. A neblina esvoaçando disputava espaço naquele corredor,
fechando sua visão.
Foi tomada de desejo que soltando o
tronco da arvore, postou-se no meio do caminho, abrindo os braços com frenesi,
bradava:
— Hei, hei estou aqui. Olha! Estou
aqui!
Desesperada tirou seu lencinho branco
entre os seios, momento que exala seu perfume e agitava-o ao vento.
A visão, mais prejudicada começou
duvidar ser verdade. Mas ela viu, culpa dessa fumaça, dessa nuvem que já a
alcançava.
Um susto! Da nuvem entre vagas vê-se
uma imagem esvaecida multicolorida.
— Oh Deus! É você? É você?
— Em carne e osso, veja!
— Oh Deus, minha vista escurece.
— Mas quem é você?
— Espere... Ele pediu. Veja-me!
Clareando a vista dela, ele cumprimenta-a
e dando pulinhos, curva-se e fala:
— Sou o bufão do castelo para lhe
servir princesa.
Helga caiu em convulsivo choro correndo para
casa.
Jamais passou por tamanha desilusão.
Cresceu, e na realidade conheceu Angelo
com quem ficou casada por dez anos, morando numa enorme casa na pequena cidade
de Taurina. Com a morte de Angelo, ficou só nessa enorme casa, coisa que não
estranhava porque quando solteira viveu no castelo de cento e vinte cômodos.
A noite protegida pelo seu edredom
pouco ligava pelos ruídos da casa, pois muito mais tinha, no palácio. Com seus
50 anos, seu pensamento estava ligado em encontrar um novo amor. Pensava no
vizinho.
Doutor, homem probo, discreto a
cumprimentava mantendo por instante seu olhar. Prometia.
Uma noite ouviu barulho acima do
normal. Pensou:
— Estão roubando o carro dele a quem
alugo a garage.
Não
acendeu a luz, pé ante pé foi espiar na fresta da veneziana.
— MEU DEUS! BOTARAM-LHE ALGEMAS. ELE
ESTA SENDO PRESO!
Oi Romano
ResponderExcluirAchei ótima sua composição da Helga menina, mocinha e mulher. O final, então, está hilário! Lá se foram as esperanças da Helga... Suzana