No começo, só havia o
TEMPO
Suzana
da Cunha Lima
No começo só havia o Tempo, Cronos. Ele preenchia todos os espaços, era único e onipotente. Mas Cronos se sentia miseravelmente só, pois não tinha ninguém com quem partilhar tanto Poder e Grandeza. Então chorou, e as lágrimas do tempo são caudalosas, de tal maneira que alcançou Geia, uma bola de fogo que por ali passava meio perdida, e apagou seu fogo. O fogo transformou-se em nuvens e as nuvens produziram água, e Geia se transformou num pequeno e viçoso planeta. Cronos se encantou com esta habilidade de Geia e tomou-a como esposa.
Tiveram muitos filhos, mas Cronos, enciumado, os devorou todos. Até que Geia, revoltada, guardou seu último filho a quem chamou de Zeus e ordenou que ele acabasse com Cronos, para que suas crias vingassem.
Zeus não teve coragem de matar seu pai, apenas transferiu seu poder de matar para os humanos, que muitas vezes matam o tempo, mas não têm o poder de ressuscitá-lo ou guardá-lo para si mesmos. Como se matam entre si, mesmo sabendo que a morte não os devolve, como o tempo perdido também não volta mais.
Mas,
apesar de tudo, as pequenas formas de vida que criavam não iam para frente,
morriam todos. Pensaram que era uma
maldição de Cronos, mas Zeus reparou que faltava outro elemento essencial à
vida: O AR. Sozinho ele não tinha o poder de criá-lo, então casou-se com Juno,
uma bela estrela, que lhe deu o primeiro filho Eólio, o ar que anda. Sua missão era colocar ar no planeta e,
fazê-lo se movimentar para que houvessem sempre nuvens e elas pudessem criar a
água, nem sempre em harmonia, como sabemos.
Assim
aquele pequeno planeta azul foi criado com os quatro elementos essenciais à
vida: terra, água, ar e fogo. Mas até hoje guarda o carma da violência, ciúme e
traição com que foi criado.
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