Suzana da Cunha Lima
Ano
de 2040.
A
Terra à beira de um desastre apocalíptico.
O aquecimento global derretia geleiras, aumentava enormemente o volume
de água dos mares, já havia alagado quase toda a orla marítima. A camada de
ozônio tinha desaparecido e os raios do sol chegavam sem filtro, com toda sua
luz mortífera. Assim, não havia mais chuva nem água potável. Os desertos cresciam assustadoramente. Em
pouco tempo haveria fome, lutas por terra e água e certamente guerra.
Os
humanos eram governados por um colegiado composto pelos seus principais
dirigentes. Mas ninguém queria abrir mão
da energia poluidora nem de seus artefatos nucleares, pois se sentiam ameaçados
agora, por países que anteriormente eram seus satélites.
Ariel
de nada sabia disso. Acabara de ganhar seu
feixe de luz como o mais novo Guardião do Universo. Era uma honra e tanto para
um jovem que saíra há pouco de sua adolescência cósmica. Mal sabia que ganharia
uma missão espinhosa. Havia um minúsculo planeta na periferia de uma pequena
galáxia que estava construindo elementos radioativos, sem possuir conhecimento
adequado de como manejá-los. E agora, um
tsunami explodira uma usina nuclear importante.
O vento radioativo estava levando uma nuvem de radiação perigosa para
todo o planeta e até o eixo da Terra fora afetado, interferindo no tempo de sua rotação e em tudo mais no
perfeito e delicado equilíbrio de seu sistema e de todo o Universo.
Ariel
era um Guardião jovem, e como todos os Guardiões, tinha habilidades muito
especiais. Seu cérebro tinha uma capacidade quase ilimitada de guardar e
processar dados e ainda de oferecer soluções e alternativas em segundos. Só se diferenciava de uma máquina porque não
era imortal. Podia viver muito, muito
tempo, porém a radiação podia desintegrá-lo para sempre. Era um investimento
precioso demais para permitirem isso, daí a razão da preocupação dos
Conselheiros quanto à energia atômica.
Ariel
foi instruído e capacitado para esta missão. Ele ajustou o tempo para chegar ao
Japão no exato momento do tsunami e da explosão. E depois avançou no futuro
para o ano de 2040, quando parecia que não haveria mais condição de vida num
planeta seco, estéril, esfacelado por muitas guerras sem sentido e pelas
irresponsabilidades de seus dirigentes.
Ficou
olhando aquela desolação, terra calcinada onde nada mais brotava e imaginou
onde estariam seus habitantes. Seu olhar
de Raio X atravessou o chão e notou alguns humanos vivendo em buracos e
cavernas, como animais, lutando uns contra os outros na busca desesperada por
água , tentando ficar fora da tremenda radiação solar. Não durariam muito. As doenças, a falta de água e
alimentos, a crueldade e egoísmo haveria de aniquilar todos, com muito sangue,
crueldade, miséria e dor.
Seu
cérebro digeriu aqueles dados todos e chegou a conclusão de que não havia mais
o que fazer. Aquele planeta não merecia misericórdia e estava pondo em risco
sua galáxia. Sabia que tinha que
destruí-lo de modo a não prejudicar os outros planetas da galáxia. Não
titubeou. Em muito pouco tempo a Terra foi engolida por um buraco negro e
desapareceu para sempre. A lua foi junto, mas os outros planetas se reagruparam
de modo harmonioso e a paz voltou a reinar na galáxia. Paz que também custou a vida do jovem e heroico
Guardião.
Admiro muito quem tem imaginação! Parabéns, Suzana, muito bom!
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