ENLACE SINESTÉSICO
Sergio Dalla Vecchia
Era um baile de formatura,
daqueles em grande salão de festas. Atmosfera branca, orquestra ao vivo com
pista de dança, onde familiares conversavam alegres nas mesas lindeiras,
incentivados pelo bom whisky e ritmados pelo som harmônico da música ao vivo.
O baile fluía em arco-íris, composto
pelo colorido dos lindos vestidos e o do brilho laranja de alegria emanado
pelos olhos dos jovens formandos.
Ao mesmo tempo, em um
determinado lugar do salão, um rapaz com pensamentos amarelos em atenção procurava
uma parceira para dançar, até que sintonizou no campo se visão um grupo de
quatro moças descontraídas.
Atentou-se primeiro para a
moça do vestido verde, quando sentiu uma certa tranquilidade de sucesso. Deslocou
os olhos para o lado e deparou-se com a de azul, dos olhos da mesma cor, que
lhe passaram muita confiança. Moveu a cabeça mais uma vez e apontou para a de
rosa, que lhe transmitiu feminilidade e doçura.
Os predicados das jovens
eram diversos e punham à prova seus pensamentos cautelosos, que poderiam
facilmente se tornarem vermelhos de raiva caso não tivesse sucesso na abordagem.
Entretanto na última do
grupinho, a sensação foi de atração absoluta. Seu olhar foi captado imediatamente
por ela, que o devolveu na mesma intensidade, fulminante! O vestido laranja
parecia sorrir, enquanto os olhares se mantinham em plena sintonia.
O rapaz flutuando no
encantamento aproximou-se e lhe disse convicto:
─ Vim para dançar, aceita?
Ela sorriu vitoriosa para as
amigas, enquanto uma mão forte abraçou de leve seu antebraço e a conduziu até a
pista de dança.
A orquestra tocava Ray Conniff.
Logo o rigor preto do
smoking encostou no receptivo laranja e se largaram pela pista afora.
Assim, o animado par dançou
sem parar, evoluindo por muitas seleções, nos tons cinzas das novidades do
amanhã.
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