JOE
O MARUJO
Antonia Marchesin Gonçalves
No século XIX o meio de
transporte e trabalho era o navio à vela, que se movia com o vento a favor ou
com fornalha de carvão. Eram navios de carga e também de passageiros, sendo que
o Capitão e sua equipe eram lideres vindos da elite das grandes cidades da
Europa. Todos tinham a equipe de trabalho braçal, os marujos. Joe era um marujo
inglês apaixonado pelo seu trabalho e aventureiro, adorava conhecer outras
paragens e tinha uma namorada em cada porto. Ele um rapaz de 22 anos, de
família pobre e teve que trabalhar ainda criança para ajudar a família unida
com quatro irmãos, ele o mais velho, mas havia estudado sabia ler e escrever.
Por causa do trabalho braçal ele se tornou encorpado e bonito, moreno queimado
do sol, olhos vivos cor de mel, dentes perfeitos e com sorriso encantador.
Foi trabalhar para um navio
inglês chamado Jóia da Coroa, tendo um capitão enérgico, autoritário de
estatura média, gordinho e beberrão, descendente de família de Lordes. A
desculpa para beber era que a esposa, o amor da sua vida tinha morrido
deixando-lhe uma filha para criar, passando a viver com ele no navio. Rose era
uma linda jovem de cabelos longos ruivos e olhos azuis intensos, pele de seda,
tendo tido os melhores professores para sua formação. Ela pela sua formação era
refinada, vestia-se com bom gosto, sempre no grito da moda, chapéus e vestidos
para todas as ocasiões. Tinha-os de todas as cores, revestidos de rendas finas
com babados, xales e quando saía do navio usava luvas e sombrinha, tudo
comprado em Londres, Paris, Roma, etc.
Joe era a alegria do navio,
durante a viagem após o jantar, tomando sua cerveja pegava o violão, que ganhara
de um professor que dizia que ele tinha o dom para música, alegrava os marujos
com musicas típicas inglesas alegres e todos o acompanhavam, até o Capitão e
filha do alto do convés assistiam. A primeira vez que ele viu Rose ficou
hipnotizado, nunca tinha visto tamanha beleza e a partir daí as suas musicas
eram dedicadas a ela, que não passou despercebido por Rose. Ela estava vestida
toda de azul e branco, que fazia brilhar ainda mais seus olhos e abanava-se com
o leque florido no mesmo tom do vestido, irresistível. Passou a vê-lo primeiro
como simpático, depois bonito e aí percebeu que estava apaixonada, desaprovada
pelo pai.
Ele fazia de tudo para
aproximar-se dela, mas com medo do pai tentava não demonstrar os sentimentos,
começaram a trocar cartas de amor com ajuda do amigo confiável de Joe. Certo
dia em pleno alto mar, os marujos perceberam que estava armando uma tempestade
violenta, todos experientes avisaram o Capitão e seu jovem primeiro imediato
que era apaixonado por Rose e tentava desmerecer Joe, dizendo que era exagero
dos marujos, confiando em sua pouca experiência. Como Joe havia passado
tormentas em navios anteriores, tinha muita experiência nessa situação. Desceu
ao porão começou a tomar as providencias de proteção e com corda bem grossa
amarrou os barris de madeira com mantimentos, ligando às colunas do porão com
os nós de marinheiros bem seguros, fazendo isso não tinha riscos de rolarem de
um lado para outro com perigo de desequilibrar o navio, em seguida fechou todos
os compartimentos por onde pudesse entrar água e ficou no convés aguardando à
hora fatídica. E ela veio. Primeiro com um grande vendaval, em seguida chuva
violenta acompanhada de ondas imensas que invadiam o convés arrastando tudo, provocando
um barulho assustador, inclusive quebrando o primeiro mastro.
O Capitão bêbado não conseguia
ficar em pé e seu primeiro imediato amedrontado como uma barata tonta sem tomar
nenhuma atitude. Rose apavorada rezando em seu camarote. No convés marujos se
revezavam para proteger os dois mastros restantes, e Joe se destacava liderando
todos, sendo que o Capitão e equipe estavam totalmente perdidos sem ação. O
navio às vezes adernava quase tombando, pois, o primeiro imediato que pilotava
o leme não conseguia controlar como deveria. Joe percebeu e assumiu o controle
do leme, ao mesmo tempo dava ordens aos marujos. Foi a hora mais longa, e todos
achando que iam morrer.
Da
mesma forma que veio a tempestade foi embora como mágica e até trouxe um sol
salvador. Todos pulando de alegria que graças a Joe não tinham perdido nenhum
homem. O marujo foi ovacionado. No dia seguinte o Capitão reuniu todos no
convés e o pastor que sempre fazia parte fez a oração de agradecimento
abençoando a todos e a ele mesmo que ficou o tempo todo rezando na pequena
capela do navio, morrendo de medo.
Joe foi condecorado tornando-se
o primeiro imediato. O Capitão autorizou o namoro, só que pediu que esperassem
chegar à Londres para realizar o casamento junto a seus parentes, que Joe se
batizasse e com uma festa digna para sua Rose. Correu tudo como planejado e a
partir daí nunca mais as famosas paradas nos portos.
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