OLHOS
DO CORAÇÃO
Sérgio Dalla Vecchia
Ele pertencia a um grupo
de jovens bem relacionados.
Com alegria aproveitava todos
os momentos presenteados pelos tenros dezoito anos.
Muitas eram as namoradas.
Trocava cada três meses, e pelo harém, recebeu o apelidou de Sultão.
Convites para aniversários
não faltavam. Nessa época as festas ocorriam nas residências das
aniversariantes. Música era ao vivo, com bossa nova e sucessos internacionais
do momento.
Assim Sultão e seu grupo
desfrutavam festas em todos os finais de semana. Animavam dançando com todas as
moças e muita conversa divertida. Eram pés de valsa por excelência.
Certo sábado num novembro
primaveril, Sultão se preparava para mais uma festa de quinze anos. Vestiu a
camisa social branca colarinho vintage, gravata predileta e o charmoso terno
cinza de três botões.
A festa estava animada
quando o grupo chegou. Tocava Beatles, yellow submarine!
A conversa corria solta
nas rodinhas de convidados, quando de repente surgiu um fulminante par de olhos
de jabuticaba. Eles contracenavam com um sorriso sincero, nos lábios sedosos daquela
linda moça que acabara de chegar.
Vestia um redingote verde
limão, que realçava duas roliças pernas grossas, que desfilavam com
personalidade naquele ambiente festivo.
Houve uma troca de olhares
e sorrisos. Atração recíproca. Música besame mucho, com Ray Conniff. Sultão não
titubeou, tirou-a para dançar.
Com o coração acelerado
iniciou a conversa enquanto a enlaçava. Logo foi apertando a cintura de Helena,
que polidamente o afastou. Todavia isso não foi obstáculo para que conversassem
animadamente durante toda a festa e que ao final, ela lhe passasse o número de seu
telefone.
Nunca uma moça havia
mexido tanto com os sentimentos do Sultão.
Não conseguia esquecer
aqueles grandes olhos, o sorriso e aquele belo rosto.
Não havia mais harém,
apenas Helena no seu pensamento. Acabara de ser abraçado pela paixão!
Convicto telefonou, marcou
um cinema para o próximo domingo.
Encontraram-se, mão na
mão, palavras doces, carinhos e o desabrochar de um lindo caso de amor.
Após nove anos de namoro e
a formatura do Sultão, casaram-se.
A cerimônia foi realizada
na capela do Colégio Sion, com a benção do Bispo Dom Paulo Rolim Loureiro, tio
de um dos amigos da turma.
No primeiro ano nasceu a loira,
no ano seguinte a morena e no quarto ano o varão.
Assim administrando com
bom senso os bons e maus momentos da vida conjugal, mantiveram-se felizes nos
longos 44 anos de casamento.
E
dizem que o lema deles continua sendo besame mucho!
Nenhum comentário:
Postar um comentário