AMOR DE PRIMAVERA
Ledice
Pereira
Beatriz mal podia esperar o dia seguinte.
Estava eufórica! Sua amiga Nilza a convidou para passar a semana em Campos do
Jordão. Adorava Campos, principalmente, naquela época em que os caminhos
tingiam-se de azul com a presença de tantas hortênsias que traziam toda a
alegria da estação.
Era outubro e a escola tinha presenteado os
bons alunos com a semana do saco cheio.
Beatriz nem conseguiu dormir direito. Às
sete horas já estava de banho tomado de plantão à porta da casa.
O motorista estacionou pontualmente às sete
e meia, conforme combinado, trazendo Nilza e o irmão mais velho.
Os pais iriam no final de semana.
Bia tentou disfarçar o vermelhão que lhe
tingiu as faces. Sentia as bochechas quentes. Desculpou-se dizendo que havia
descido as escadas correndo.
A verdade é que a presença de Henrique
mexia muito com ela.
Procurava esconder o sentimento que a
arrebatava.
Ele, por sua vez, não a ignorava. Talvez
fosse por causa dela que resolveu aderir ao grupo, desistindo de viajar com os
amigos que iriam no dia seguinte.
Nilza percebia tudo e procurava agir como
um cupido, aproximando os dois adolescentes.
A viagem transcorreu sem incidentes. Bia
conseguiu dominar sua inquietação e o papo rolou solto. Nem sentiram o tempo
passar.
Anselmo dirigia com muito cuidado.
Trabalhava há quinze anos para a família e cuidava dos jovens com muito carinho
e atenção.
A chegada a Campos causou ainda mais
impacto em Bia, tão colorida estava a cidade.
O sol já ia alto quando chegaram e eles
deixaram as malas na casa onde Regiane os esperava e foram caminhar pelas
alamedas floridas.
Henrique ia indicando os lugares mais
interessantes e Bia estava ainda mais encantada com ele.
Por outro lado, ele analisava cada ângulo
daquele rostinho, descobrindo traços nunca antes notado e apreciando cada vez
mais a companhia da garota.
No final do dia, ambos não podiam mais
esconder o que sentiam.
E, à tarde, naquele cenário primaveril
trocaram aquele que seria apenas o primeiro beijo do casal apaixonado.
Muitos outros vieram selar o encontro
daquelas almas gêmeas.
Oito anos depois, naquele mesmo cenário,
vários carros estacionavam trazendo familiares e amigos de Henrique e Bia para
assistirem à cerimônia de seu casamento.
Não é preciso dizer que Nilza estava
orgulhosa por ter sido convidada para madrinha da amiga e agora cunhada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário