DOMINANDO FANTASMAS
Sérgio Dalla
Vecchia
Férias
de verão de 1962, janeiro escaldante, um rapaz de 15 anos e uma história para
contar.
Todo
verão era montado um Parque de Diversões, bem na divisa de São Vicente e
Santos, litoral Paulista.
Roda
gigante, chicote maluco, carrinhos bate bate, tiro ao alvo, a moça que se
transformava em macaca e o assustador trem fantasma.
Rubinho
e sua turma de adolescentes eram frequentadores assíduos. La estavam todas as
férias e conheciam a fundo todos os brinquedos e atrações.
A
principal arte dessa turminha era encher os bolsos com castanhas colhidas nas
diversas arvores Chapéu de Sol (Sete Copas) que ali abundavam. Sentavam dois
num vagão e partiam túnel adentro. Primeiro fantasma, curva brusca à direita e
tome castanha nele. Outra curva novo espanto e tome castanhas nele. Por vezes a
pontaria era certeira e o fantasma sucumbia ao chão.
Com
hormônios do verão, Rubinho logo arrumou uma namorada e a levou para o Parque.
Já com segundas intenções a convidou para embarcar no trem fantasma. De pronto
ela negou, dizendo morrer de medo!
Rubinho
com jeito convenceu-a, afirmando conhecer cada curva do túnel e todos os
fantasmas pelo nome.
Assim
embarcaram. Braço no ombro, corpos juntinhos e logo o primeiro fantasma. Ela
desesperada abraçou Rubinho, que a acalmou dizendo que o fantasma era um boneco
e já o tinha derrubado a castanhadas. Assim surgiu o segundo, o terceiro e
apertadinhos gozavam daquele preludio. Eis que do nada, surge um vulto em meio
ao escuro e tromba violentamente contra o vagão, balançando-o quase ao
tombamento. Era pesado! Rolou por cima do vagão resvalando na namorada, deu um
grunhido e caiu ao lado dos trilhos.
Nesse
momento desapareceu a coragem do valente Rubinho e desapontado tremia junto com
a namorada. Para piorar havia sangue no vagão!
Fim
do percurso, luzes e o casal em choque desembarcou não entendendo nada.
Já
do lado de fora da estação, a namorada aos prantos, Rubinho ainda tremendo
buscava entender o ocorrido, já que era expert no assunto. Nada! Foi quando da
boca do túnel saiu uma figura cambaleante. Parecia um morto vivo!
Nesse
instante, funcionários do Parque o abordaram e o retiraram imediatamente do
local.
O
fato chamou atenção de curiosos, que alvoroçados buscavam notícias do zumbi!
Formou-se uma grande confusão! Mulheres choravam, crianças assustadas também e
pais aflitos tentavam acalmar aos seus.
Assim,
após prestar depoimento ao gerente do Parque, Rubinho foi avisado pelo próprio,
que o zumbi não passava de um mendigo, que alcoolizado havia entrado
despercebido no túnel.
Felizmente,
ele sofreu pequenas escoriações e passava bem no ambulatório.
Rubinho,
aliviado pela notícia não perdeu a pose e disse:
—
Agora, gente é outra coisa!
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