O SAMOVAR - Ledice Pereira



O SAMOVAR
Ledice Pereira

Não sei quando, nem como, esse objeto chegou à nossa família.

Meu pai tinha três irmãos, mas foi ele quem herdou aquela peça enorme que se dividia em duas partes de prata trabalhada, onde desenhos em relevo representavam cabeças de animais e os pés assemelhavam-se a patas de aves.

Ali, servir-se um típico chá inglês, certamente, seria muito refinado.

Acontece que para manter o brilho e claridade da prata é necessário que se cuide quase que semanalmente e quem de nós, nos dias de hoje, tem tempo ou serviçais que o façam?

E lá ficou meu lindo Samovar embrulhado em várias folhas de papel e guardado numa prateleira.

Só hoje, quando o tema desta escrita foi um objeto de família, lembrei-me da peça que enfeitou, durante anos, os móveis da minha casa para orgulho de meu pai.

Ele sim cuidava com muito carinho daquela relíquia herdada de seus pais que, com certeza, tinham herdado também dos seus antepassados.


E ele fazia questão de  exibi-lo a todos que o visitavam, causando neles enorme admiração.

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