CONTO DE FÉRIAS Nº 1
FORAM TANTAS COINCIDÊNCIAS
Oswaldo
Romano
Foram
tantas coincidências! Encontramo-nos inúmeras vezes na bilheteria comprando
ingressos para os mesmos filmes, nos mesmos horários. Gosto da pipoca doce, não
gosto das salgadas. Ela também. Posso dizer que gostamos das mesmas coisas. Na
última vez percebi que trocou o número da cadeira, para ficar intencionalmente
ao meu lado.
Ficou
fácil a troca de pequenos comentários do filme, entre nós segredados. Eram
dados esporádicos, mas tanto eu quanto ela certamente já tínhamos pensado nos próximos
passos.
Na
saída, depois de ameaçar despedidas, convidei-a para o Café Turro, que ficava
próximo.
—
Nossa! - ela disse - Sempre tive vontade de ir lá. Sou
nova na cidade, conheço poucas pessoas...
—
Agora está me conhecendo e certamente será apresentada as minhas amigas e
amigos.
No Café ela perguntou:
—
Então... O que foi que você mais gostou do filme?
—
Primeiro foi nosso encontro. Depois, achei que não foi o bom filme, tão
elogiado pela mídia.
—
Você percebeu que eu ainda não sei seu nome?
—
Orlando Nunes. Muito prazer dona... – e sorriu para ela.
—
Flávia, Flávia Siqueira... – respondeu sorrindo para Orlando.
—
Essas perguntas sempre iniciam amizades, porque vieram bem depois de nos
conhecermos. Seria influência positiva ou negativa.
—
Espero que positiva! – adiantou. Nunes, mudou seu dia a dia. Estava se
apaixonando. Várias vezes saíram a passeio por São Paulo. Ela, nova na cidade,
ouvia atentamente a historia de cada lugar. Ele procurando a mulher assentada
para casamento estava convicto tê-la
encontrado. A respeitava, assim como era respeitado.
O
namoro prometia nova vida, um promissor casal.
Flavia
do Rio de Janeiro recebeu a noticia que seu pai estava muito doente. Fez
algumas viagens p’ra lá. Não vendo melhoras no pai, percebeu que a mãe iria
ficar só. Provavelmente teria que voltar para o Rio.
Expôs
todo problema ao Nunes, e pediu sua compreensão. Iria deixar São Paulo.
Nunes
logo pensou em antes casarem, mas não estava preparado para assumir e manter
uma casa. Deixou que Flavia socorresse sua família.
Durante
algum tempo, era constante a correspondência. Mas a preocupação com o pai
arrefeceu o constante contato.
Através um amigo íntimo de Flávia, Nunes iria tomar conhecimento do fim do
relacionamento, pois Flávia havia reatado com seu ex-companheiro.
Nunes
o interrompia, tentava mostrar o quanto gostava de Flávia, e que ela lhe dava
esperanças de muitas realizações futuras. Com voz embargada, segurando o choro,
não esperava e não aceitava essa desilusão. Foi em vão...
Roberto
foi seguro na despedida, pois sua retirada seria a quebra do elo que ainda
restava. Não adiantou.
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