TESOURA
M.Luiza de Camargo
Malina
A tesoura picotava,
picotava e picotava. Cansada já pensava em se aposentar, seus dentes gastos nem
conseguiam mastigar o papel ou um pedaço de fita. Às vezes escondia-se, para ninguém
encontrá-la. Divertia-se com os pulinhos de promessas desesperadas da dona dos picotes.
Um dia, ao chorar,
resolveu passar um susto. Jogou-se na cama toda arreganhada, querendo se passar
por aranha, já que era preta também. A dona aranha escutou isso e ficou
irritada com a ousadia da tesoura, que adormeceu rapidinho. Começou a
fazer teias em cima dela. A tesoura
sentia cócegas e ria muito no sonho, acordou com calor.
Queria descer da cama, as pernas não
obedeciam, como ela dormiu de boca aberta, estava cheia de teia, não podia
picotar.
Pensou: E agora, como
vou sair desta! Nunca mais vou me disfarçar de aranha. Eu devia lembrar de que tesoura aberta em
cima da cama, não dá certo. Vou me esconder dentro de uma caixa, porque até eu
fiquei azarada!
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