ESMERALDO (PELÉ) - Sérgio Dalla Vecchia

 



ESMERALDO (PELÉ)

Sérgio Dalla Vecchia

 

Esmeraldo era um menino diferenciado. Tomava conta de carros no largo Santa Cecília, em São Paulo. Lá, além da Igreja, havia uma boa loja de tecidos denominada Padrão Chique.

Ele, como outros tantos meninos negros na época, levava o apelido de Pelé. Privilégio daqueles que poderiam ser comparados ao famoso jogador de futebol chamado Edson, mundialmente conhecido e que eternizou seu cognome Pelé.

Esmeraldo, irei retratá-lo doravante de Pelé, enxergava todas as pessoas com a mesma cor. Igual para igual, sem restrições. Respeitava e recebia em troca o respeito.

Assim, com sua simpatia impar e um sorriso da maior boa-fé, conquistou o carinho das pessoas da praça.

Lavava carros, carregava sacolas e distribuía gentilezas, sempre com o sorriso largo que o caracterizava.

Certo dia, a dona da loja de tecidos, habituada aos predicados do menino, achou por bem o convidar para trabalhar na loja.

Pelé já não lavava mais carros, era um ótimo ajudante de serviços gerais.

Passaram-se anos, mas por motivos comerciais a loja de tecidos acabou cerrando as portas. O menino cresceu e já era di maior.

Meire, a dona da loja, preocupada com o futuro do Pelé, fez alguns contatos e conseguiu um emprego em um posto de saúde, onde ele lá trabalhou até se aposentar.

Nesse ínterim aconteceu o casamento dele com Dina e tiveram dois filhos.

Com sacrifício, um formou-se engenheiro civil e o outro seguiu no mercado de trabalho.

Aconteceu que Luiz, primo da Meire, possuía uma construtora e, por conviver com o histórico de Pelé, estendeu a mão contratando seu filho engenheiro. Onde trabalhou durante anos até sair para montar uma pequena empreiteira de obras.

Uma das características peculiares do Pelé foi o reconhecimento das ajudas que recebeu durante seu desenvolvimento como pessoa.

A forma mais carinhosa que encontrou foi levando chocolates para os membros da família na Páscoa e no Natal por anos a fio.

Pelo destino, quase todos da família nos trocaram pelo plano espiritual.

Atualmente, Pelé mora em Atibaia e mantém uma lanchonete com um dos filhos. O outro engenheiro continua firme com sua empreiteira em São Paulo.

Assim, por ser minha esposa um membro da família e eu o conhecer desde o tempo de namoro, temos a regalia de continuar recebendo-o em nosso lar ainda hoje.

Adoçando nossas vidas com chocolates e nos alegrando com seu sorriso despretensioso.

Testemunho essa história viva de superação de quem nada buscava, apenas rasgou seu coração puro para o Universo, que prontamente reagiu, dando-lhe as oportunidades necessárias nos momentos certos.

 

 

 

 

 

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