PROMESSAS...
Suzana
da Cunha Lima
O
casamento era no dia seguinte e os fornecedores deviam ter feito alguma conspiração
contra a cerimônia. Os pedidos chegavam atrasados à custa de muita pressão da
família aflita e da noiva estressada. A mãe, no auge do desespero, resolveu tomar
uma atitude, qualquer atitude disse, e escolheu aleatoriamente o primeiro
relapso da lista.
— Olhe
aqui, já estou farta de tanta espera. Acho bom se decidir rapidinho porque sei
de tudo de vocês aí.
—
Como é? De tudo o quê?
—
Não se faça de engraçado... Não está
lidando com nenhuma criança. A moça está aos prantos aqui.
—
Moça? Que moça?
— A
moça que você está enganando este tempo todo.
—
Enganando? Mas como...
—
Não pense que lida com idiotas. Tenho como fazer você assumir suas
responsabilidades. Olhe, numa penada só, posso mandar fechar sua espelunca. Já
disse que eu sei de tudo, tudinho.
—
Tem algum engano aí, dona. Sempre cumpro meus deveres, pago meus impostos,
minhas contas...tenho só uma fatura pendurada no banco, umas dívidas michas por
aí, tudo ninharia, tudo normal. Questão de tempo para pagar, é só me pagarem o
que me devem.
—
Ah, é? E suas promessas, não valem nada? A moça acreditou em tudo e agora, veja
a situação...
—
Pera aí.... Não fiz promessa nenhuma a ela.
Ela deu porque quis.
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