O
que será que ele sabe?
Ledice Pereira
Renato
andava de um lado para o outro. Estava impaciente.
Os
colegas sussurravam, uns aos outros, procurando saber o motivo de tal agitação.
Em
dado momento, o homem bateu a porta com força, indicando que precisava ficar
só. Todos respeitaram, voltando aos seus lugares.
Na
sala, trancado, Renato se desesperava:
─ O
que será que esse desgraçado sabe?
─ Por que não se identificou?
─ Por
que não deu nenhuma dica?
─ Seria
pela propina que recebi daquele maldito partido político? Bem que eu não queria
aceitar, mas eles juraram que não sairia destas quatro paredes...
Apavorado,
continuava a enumerar as possíveis contravenções em que estivera envolvido, sem
contar com suas conquistas amorosas. Tentara ser discreto, mas sempre se corre o
risco de ser visto na entrada do motel.
─ Ah, se Roberta
souber! É bem capaz de me matar.
O rapaz começou a
suar. Hipocondríaco, medicou-se.
Os amigos
preocuparam-se com aquela porta trancada há horas. Bateram. Nada!
Chamaram. Nenhum
sinal.
Arrombaram a porta!
Encontraram-no caído no meio da sala. Respirava.
Uma ambulância
foi chamada. Roberta foi avisada e, aflita, dirigiu-se ao hospital indicado.
Ele ainda dormia.
Respirava com o oxigênio. Seus batimentos ainda estavam acelerados.
O marido andava trabalhando
muito. Certamente, estava estressado.
Nunca soube o
verdadeiro motivo da internação.
Achou que ele
estava precisando de paparicação. Mimou-o!
Nenhum comentário:
Postar um comentário