JULIET
Maria
Luiza de Camargo Malina
A
mão estendida com unhas pintadas em vermelho, não identifica seu rosto por quem
à procura. Apenas está junto ao som da voz longínqua, que se mistura a confusão
das imagens entrelaçadas com gravata. Os olhos giram sem controle, estonteando
o mundo, sem forças para desatar o primeiro nó.
Juliet,
acostumada aos tropeços entremeados do calor de sorrisos artificialmente
treinados, durante os anos, desta vez tropeça no degrau que mudaria para sempre
sua vida.
Na
Mansão Aghá cala-se. Absorve a figura de marionete, deixando sua estória, num
cabide qualquer no armário do tempo, sem o preocupar dos ponteiros.
Ponteiros
parados, sem números. Impossível falar-se do sombrio da alma sem tocar-se no
porão, sótão ou no baú. Palavras tão comuns que se transformam em profundo
silêncio, onde o melhor seria queimar a bruxa na fogueira. Temos os nossos
porões!
Na
Mansão Aghá tropeça. Consegue encontrar uma resposta para cada problema. Torna-se
parte das respostas. Descobre o prazer pelos simples afazeres.
Juliet,
desperta o amor ao próximo, o respeito pela dignidade do viver de cada ser
humano.
Da
vida de solavancos de idas e vindas das aeronaves, das “necessaires” cheias de encomendas,
do solícito sorrir de aeromoça, muda tudo. Torna-se voluntária com
imprescindível discrição, característica tão sua, ao recordar-se das palavras
de um filósofo Irlandês: “Para que o mal triunfe, basta os bons não fazerem
nada”.
Juliet,
com sua vida atarefada, enxerga a brecha da doação. Muitas vezes, as lágrimas do
despertar da humildade, escorrem silenciosas dentro de si, por solucionar
contra tempos que, para si não passariam de uma pequena necessidade, mas para
os atendidos torna-se urgente. Com determinação e coragem os impulsiona ao
caminho da esperança.
A
vaidade fica marcada pelas unhas vermelhas e o mescla de uma gravata.
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