Indecisão
Desnecessária
José Vicente Jardim de Camargo
Marcio e Paula estavam à procura de um
carro, já que o deles, de uso compartilhado, deu para gostar mais da oficina
mecânica do que da garagem da casa.
Aí começa a indecisão: que modelo
comprar, ano, cor, quais acessórios o do vizinho não tem, GPS? Som de última
geração?
Marcio prefere uma van de marca
importada, preta, pode ser até semi-nova, que caiba toda a família e o Jabá, seu
lavrador de estimação.
Já Paula gostaria de um zero km,
vermelho, mais compacto por ser mais fácil de estacionar, se possível equipado com
sensores de manobras automáticas.
Ainda bem que nossos filhos não têm
ainda opinião própria, senão seria uma torre de babel, diz Marcio.
- E
eu!- Não tenho opinião? - Diz sua sogra já pondo cara de emburrada - hoje sonhei com meu casamento, vestida de
branco, buque de flores azuis, cinco damas de honra, igreja lotada. Vocês sabem
como sou supersticiosa. Então quero um carro do ano do meu casamento, 1980, de
cor branco e azul e financiado em cinco anos.
E
completou:
- Senão não pago!
Marcio e Paula, sabendo o quanto ela é
irredutível nos assuntos da mente, se entreolham conformados e sem outra
alternativa, folheiam o jornal do carro a procura do bem tão idealizado, mas
pelas características exigidas, de difícil
realização...
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