Paixão avassaladora
Dr. Oswaldo U.
Lopes
No mais das vezes,
estamos acostumados a ver ao nosso redor famílias organizadas segundo um padrão
que não muda muito no chamado mundo ocidental. A mulher escolhe o homem,
queiram ou não os meus detratores, constituem uma família e têm quantos filhos
lhes aprouverem. Se não aprouverem, recorrem ao aborto. Legalmente, há três
possibilidades de abortagem no Brasil.
1- Fetos
anencefálicos.
2- Eminência de morte
materna.
3- Fetos frutos de
estupro.
Quanto ao aborto, as mulheres se acham
donas da matéria e não há como negar-lhes o interesse e o efeito que têm nelas
a história. “Assunto de mulheres” é não só um filme argentino, mas uma
verdade incontestável. Sucede que, numa sociedade democrática ocidental, os
homens também votam, embora desconhecendo certos aspectos da matéria que fazem
a distinção de gênero.
No chamado dia a dia, há inúmeras
maneiras de evitar a concepção. Alguns temporários, outros definitivos. Parece
que a grande questão é saber se existe uma paixão tão ardente, tão arrebatadora
que tudo isso é esquecido, do que resulta, entre outras, nas mais conhecidas: a
abortagem ou na monoparentalidade.
É difícil avaliar abortagem de fato. Por
força de lei, ninguém aparece com aborto por gravidez indesejada nas folhas do
Hospital. Ainda assim, há várias maneiras de se realizar a interrupção da
gestão. A agulha de tricô da aborteira da esquina. A clínica de aborto
instalada numa casa com todos os aparatos necessários e os títulos falsos para
internação em hospital conceituado. Curetagem de prova, a fala é tão conhecida
que já apareceu em show de estudantes.
Tudo isto torna muito difícil qualquer
levantamento estatístico ou não sobre as características do aborto, as
condições em que são praticados. Há paixões tão intensas e arrebatadoras que
não se leva em consideração a prenhez não desejada. Para muitos, isso não
existe, os casais têm consciência e domínio sobre o ato sexual. Para outros, a
paixão sem limites, o desejo dos corpos domina sobre a frieza do arranjo
intelectual. O crescimento da criação monoparenteral, vide as cidades grandes
americanas ou as favelas brasileiras, mostram isso com clareza.
Família, aborto, prenhes não esperada,
criação de filhos, presença de ambos os pais, tudo isto aparece numa grande
mistura onde procuramos nos identificar e colocar sem sucesso. O entendimento é
complexo e nos faltam dados e informações que nos ajudem.
Às vezes misturamos literatura com
realidade. Se pensaram como eu no grande exemplo de Romeu e Julieta, aí temos a
campeã da ficção. Mas onde colocar Tristão e Isolda, Fernão de Aragão e Isabel
de Castela, e se estamos a falar de Portugal, por que esquecer Pedro e Inês?
Por aqui mesmo, Anita e Garibaldi, e, de armas na mão, Bonnie and Clyde?
Como viver uma paixão arrebatadora sem ser
vítima da prenhez indesejada? Como deixar de ser humanos, se tudo isso está
escrito em nossos genes?
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