AQUARELA QUAL?
QUAL A COR?
OSWALDO U.
LOPES
Brasil
Meu
Brasil brasileiro
Meu
mulato inzoneiro
Vou
cantar-te nos meus versos
Lá
estava Regina fazendo as duas coisas de que mais gostava na vida. Dirigir carro
e ouvir música brasileira. Essa então era impagável, em todos os sentidos que a
palavra tinha: impagável porque não tinha preço e impagável porque a fazia
sorrir sempre.
Compositor
- Ary Barroso, radialista famoso, com
várias invenções que ficaram na história. Quer um exemplo: introduziu a
gaitinha para narrar gols no futebol. Lembrou? Foi um dos que Introduziu os
programas de calouro no rádio com direito a congo (Tião Macalé no próprio),
chamava-se Calouros em Desfile.
Segundo
ele mesmo, compôs essa música no ano de 1939, numa noite chuvosa em que não
pode sair de casa e onde estavam apenas ele, sua mulher e um cunhado.
Bem,
se ele não podia sair de casa e tendo como parceiros sua mulher e seu cunhado,
o uso de palavras como: inzoneiro, merencória, sestrosa e trigueiro, só tinha
uma explicação: mais um caso de Machado de Assis na mamadeira.
Ah, abre a cortina do passado
Tira
a mãe preta, do cerrado
Bota
o Rei Congo, no congado
Brasil,
Brasil
Pois
é, estamos em 1939 e Ary Barroso faz uma forte manifestação antirracista!
Cerrado aí é sinônimo de senzala. Lembra um pouco Frank Sinatra que também
gravou Aquarela do Brasil e sua grande amizade por Sammy Davis. O negro de
maior sucesso no Show-business americano e que fez também sucesso quando de sua
visita ao Brasil. Sinatra não se hospedava nem cantava em hotéis e cabarés que
não aceitassem Sammy Davis como hóspede ou cantor colaborador.
Tudo
isso para lembrar o incrível desempenho de Sammy Davis em São Paulo em que ele
começou imitando um americano padrão dançando samba e dizendo vocês acham que a
gente dança samba assim? Aquela coisa horrorosa que todos já vimos em algum
lugar algum dia e de imediato passou a dançar como se tivesse nascido numa
Escola de Samba. Inesquecível e inarrável, quem viu, viu, e vive da memória.
Ela tinha visto.
E
ainda tinha a história da mãe preta. Ela tinha tido uma, que não vivia na
senzala, mas trabalhava na casa da família dela e a criara. Mãe preta melhor
que a mãe branca. Em que estrela nesse céu profundo, Beni viveria agora? Parou de pensar quando as lágrimas começaram
a correr e foi ficando difícil guiar.
Deixa,
cantar de novo o trovador
A
merencória luz da lua
Toda
canção do meu amor
E
agora, como reconhecer que merencória, com mamadeira machadiana ou não, soava
muito melhor do que melancólica. Esta tinha uma sílaba a mais e entortava a voz
sem compaixão. É, seu Ary sabia das coisas.
Ah, ouve essas
fontes murmurantes
Onde eu
mato a minha sede
E onde a
lua vem brincar
Ah, esse
Brasil lindo e trigueiro
É o meu
Brasil, brasileiro
Curioso, a versão que ela adorava ouvir e que
estava tocando era para piano, sem voz, tocada por um americano nascido em Nova
York de origem latina: Carmen Cavallaro. Esta era fácil de encontrar como parte
do filme: The Eddy Duchin Story, no Brasil – Melodia Imortal.
Bem, e
quem gravara Aquarela do Brasil? Todo mundo, stop. Não acredita? Pois então vamos
lá e olhe que vou deixar de fora muita gente que a memória não é mais meu
forte; que é isso, Regina, deixando escapar a idade!
No
Brasil: Francisco Alves (a primeira), já fez 80 anos e vai indo para 85. O
próprio Ary Barroso, Carmem Miranda, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Elis
Regina, João Gilberto (até inventou uma versão para o inglês) Gilberto Gil,
Caetano Veloso, Toquinho (duas versões em castelhano), Titulares do Ritmo, João
Bosco, Gal Costa, Emilio Santiago, Dominguinhos, Agnaldo Rayol, Alcione, Tim
Maia, Os Três Tenores, Tom Jobim (linda gravação, obrigado, maestro). Nos USA:
Frank Sinatra, Dione Warwick, Carmem Cavallaro. Quem teve a pachorra de contar fala em 414
gravações.
Incrível
esse Ary Barroso, fez de tudo, até mudou o clube para o qual torcia. Pois é, isso,
vocês nunca ouviram falar. As pessoas mudam de cidade, de emprego, de parceiro
ou parceira, de gênero, mas nunca mudam de clube de futebol para o qual torcem.
O Senhor Ary Barroso no começo da vida torcia para o Fluminense, fez até parte
da diretoria, brigou e virou torcedor...Do Flamengo, dá para acreditar?
‘Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer!”
Oh Brasil samba que dá
Bamboleio
que faz gingar
Oh Brasil
do meu amor
Terra de
Nosso Senhor
Lembrou-se
de uma gravação, nesse pedaço ouvia-se a musica enquanto a cena filmada era o
Cristo do Corcovado com a Baia da Guanabara ao fundo. Ficou triste pensando no
meu Brasil, do meu amor. Onde estaria, com quem estaria?
Aquarela do Brasil
Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de nosso Senhor
Abre a cortina do
passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o Rei Congo no congado
Canta de novo o trovador
A merencória à luz da Lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Esse coqueiro que
dá coco
Oi! Onde amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a Lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil!
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiferente
Brasil, samba que dá
Para o mundo se admirar
O Brasil, do meu amor
Terra de nosso Senhor
Abre a cortina do
passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o Rei Congo no congado
Canta de novo o trovador
A merencória à luz da Lua
Toda canção do seu amor
Essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Esse coqueiro que
dá coco
Onde amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a Lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil!
Meu Brasil brasileiro
Mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de nosso Senhor
Abre a cortina do
passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o Rei Congo no congado
Canta de novo o trovador
A merencória à luz da Lua
Toda canção do seu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Esse coqueiro que
dá coco
Onde eu amarro minha rede
Nas noites claras de luar
Por essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a Lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Oi! Essas fontes
murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a Lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil!
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Composição: Ary Barroso. Essa informação
está err
https://www.youtube.com/watch?v=3RrDAI7tFzU
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