A LIDA NO CAMPO - Sergio Dalla Vecchia

 


A LIDA NO CAMPO

Sergio Dalla Vecchia

 

O dono da boiada, montado na sua mula alazã, seguia em passos lentos a cadência da marcha dos bois.

Toda atenção era pouca, quando uma comitiva de peões assume a responsabilidade de transporte de carga tão valiosa, medida em arrobas.

Basta uma porteira aberta, uma encruzilhada ou uma cerca rompida para que um novilho mais rebelde penetrasse e com ele carregasse um punhado de seguidores atabalhoados.

Seu José, como dono do lote, observava de perto as manobras dos peões, os ponteios que se encarregavam de abrir porteiras, bloquear cercas caídas, desvios, etc. Ele e mais um na retaguarda empurravam a boiada.

Seu José, negociante de bois, tinha muita prática em comitivas, adquirida pelos longos anos de transações. Ele montado na sua imponente mula Revista formavam um conjunto único, ela encolhida, com orelhas em riste, pronta para um ataque sob o comando das esporas lisas do seu José.

Assim seguia a boiada na sua toada. Eis que do nada, um boi assustado resolveu pular a cerca, sem ao menos tocá-la, tamanha sua agilidade e saiu em disparada pasto adentro.

As esporas deram um pequeno toque na barriga da Revista e o conjunto arrancou na invernada em busca do boi desgarrado. A mula voava baixo, corpo alongado, galope firme. Buracos de tatu, valas, tocos, nada impedia o galope seguro da mula ajudado pelas rédeas firmes do cavaleiro.  Logo avistou o fugitivo, tirou o laço da garupa, preparou a laçada, outro ataque em direção ao boi já com a laçada girando no ar, nas mãos calejadas do boiadeiro. Quase emparelhados, o laço foi lançado argolando no pescoço grosso do desgarrado. Imediatamente a Revista estacou e tensa aguardou o impacto na chincha. Um pequeno desequilibro e o boi nas mãos. Foi puxado laçado de volta até a boiada.

Assim que o boi se reintegrou, a mula relaxou as orelhas, Seu José retirou o chapéu, enxugou o suor com a manga da camisa, relaxou na sela e a boiada tranquila seguiu seu rumo.

Fato corriqueiro na lida do campo!

Um comentário:

  1. Anônimo3/31/2023

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    Oi, Sérgio. Gostei do seu texto, dá pra ver as cenas até. muito real e cheio de vida. Parabéns

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