A ESCULTURA - Antonia Marchesin Gonçalves

 


A ESCULTURA

Antonia Marchesin Gonçalves

                Moises jamais esqueceu a viagem que fez para a Grécia. Sempre se lembra da escultura que viu com seu amigo Rafael.

Rafael seu amigo junto com ele programaram uma viagem de férias para a Grécia. Moises convenceu seu companheiro a se hospedar na casa de amigos, assim economizariam os gastos com hotel. Tudo resolvido partiram confiantes para aventura. Rafael se mostrava receoso em se hospedar em casa de estranhos, confiou no amigo que dizia serem pessoas bacanas. Realmente quando chegaram já no saguão estavam a esperá-los. Após as apresentações foram direto para casa. Rafael admirou-se pelo tamanho da casa, típica, toda branca, no alto do morro com uma vista única do mar azul turquesa.

                Mas o maior espanto, estava por vir, foi à escultura imensa na entrada da casa. Toda feita de bronze brilhante como o sol, uma Fênix. Pássaro da mitologia do antigo Egito esplendorosa. Era grande feita de bronze reluzente, detalhada como se tivesse penas, imponente de asas abertas, a cabeça empinada com uma coroa de penas no alto da cabeça deixando mais altiva. Os olhos de cristal marrom transparente como se estivessem vivos, pronta para levantar vôo, a base feita com cinzas de vulcão de onde ela ressurgia. A atração foi tanta que ele parou boquiaberto e não conseguia tirar os olhos. O dono da casa, com um sorriso no rosto pegou no seu braço e disse, ela faz esse efeito em todos que a vêem, com calma contarei a historia dessa escultura.

                Foram acomodados em seus quartos e após um banho e roupas mais leves, desceram para o jantar. Outra surpresa, o jantar servido fora em volta da piscina com o inicio do pôr do sol, indescritível. Durante o jantar Daniel se sua esposa Ingrid, os anfitriões, serviram um laudo jantar,  azeite saboroso e vinho que não devia nada para o francês ou italiano. Moises lembra que chegou a pensar, o paraíso deve ser assim. Daniel então com a taça de vinho contou sua história. Brasileiro formado pela USP em historia e mitologia antiga conquistou a bolsa de estudos para o Egito, onde poderia fazer seu doutorado. Seus pais temerosos, acabaram cedendo, assim foi. Ficou hospedado na faculdade, lá teve oportunidade de conhecer historiadores do mundo todo.

                Iam todos de caravana para as Pirâmides, Museus, muitas vezes ficavam dias ajudando nas escavações em pleno sol escaldante, mas faziam com satisfação. Em quase todos os sarcófagos os desenhos sempre tinham uma Fênix dourada, impressionado estudou sobre ela. Soube então que representa o Deus Sol, chamada Rá, o mais importante é que ela representava os ciclos da vida, o recomeço e a esperança num futuro melhor, o ressurgimento após dificuldades, o renascer a cada ciclo.

                Esse mito estava presente em várias culturas da época, grega, romana, árabe e chinesa. Daniel continuou contando que conheceu sua esposa Ingrid nesse período, os dois apaixonados pela historia e mitologia, logo tiveram total afinidade, e numas dessas expedições o grupo, dois professores e três alunos, foram seqüestrados, eles dois incluídos. Foram dias terríveis, eram terroristas árabes e queriam muito ouro em troca. Conta que passaram fome, medo, os cinco num único cômodo. As autoridades locais tentaram negociar e eles sabiam que estava complicado. No dia que foram libertos, Daniel havia sonhado com a Fênix, havia muito fogo, conta ele, e ela apareceu toda em chamas voando. Naquela manhã houve verdadeiro tiroteio, bombas, muita fumaça e outros cômodos incendiaram, tinham a certeza de que morreriam queimados.

                Daniel com os professores conseguiram no desespero arrombar a porta e os cinco fugiram aproveitando a confusão ali instalada. Apesar de terem que voltar para os seus países, seis meses depois se casaram na Inglaterra com as duas famílias, com a decisão que morariam na Grécia. Mas, Daniel não esquecia o seu sonho com a Fênix que tivera durante o sequestro e logo que pode foi atrás de um bom escultor que trabalhasse com metais, tinha na mente cada detalhe e conseguiu encontrar a pessoa certa que fez a obra prima, o mito que ressurgiu das cinzas.

                Depois de quinze dias acabaram as férias, Rafael com a foto da escultura, a transformou em quadro para nunca esquecer tamanha grandiosidade e beleza. Os mitos existem como exemplo, para não nos deixar derrotar, sempre ressurgir, como os ciclos da vida.

               

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